• Carregando...

ONU deve pedir a brasileiro para avaliar caos

Genebra – A ONU deverá pedir que o governo de Mianmar aceite a entrada do brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro no país para avaliar as violações e o caos gerado nos últimos dias. Pinheiro é o relator especial da ONU para a situação dos direitos humanos em Mianmar, mas desde 2003 é proibido de entrar no país.

Pinheiro, que está no Estados Unidos, viajará até a Suíça para fazer seu relato da situação em reunião do Conselho de Direitos Humanos.

"O resultado mínimo dessa reunião deve ser uma decisão de pedir ao governo de Mianmá que aceite a visita de Pinheiro nesse momento", afirmou Julie de Rivero, representante da entidade Human Rights Watch.

Ontem, nos corredores da ONU, embaixadores de uma série de países começam a debater que tipo de decisão deveria sair da sessão de emergência.

Falando em nome da União Européia, o embaixador de Portugal na ONU, Francisco Xavier Esteves, defende a ida imediata de Pinheiro ao país.

Já o embaixador americano, Warren Tichenor, pediu que Mianmar liberasse os mais de 1,2 mil presos políticos no país.

No início da semana, Pinheiro alertou que esse seria o momento ideal para que a comunidade internacional atuasse para garantir uma maior abertura por parte da Junta Militar de Mianmar. "Não podemos deixar esses monges heróicos sozinhos", disse.

Yangun – Forças do governo voltaram a reprimir manifestantes ontem em Yangun. Soldados dispersaram protestos, ocuparam importantes monastérios budistas e cortaram o acesso público à internet. A junta militar anunciou que dez pessoas foram mortas desde que começaram as manifestações diárias contra o governo, mas diplomatas afirmam que um número muito maior de pessoas morreu.

Em Londres, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que acredita que a perda de vidas em Mianmar foi "muito maior" que a informada pela junta militar, que governa o país (antiga Birmânia) há 45 anos.

As novas medidas da junta militar alimentaram temores de que esteja prestes a se intensificar a campanha de repressão iniciada nos últimos dias.

As manifestações de ontem reuniram cerca de 2 mil pessoas em Yangun, a maior cidade do país. Os soldados lançaram bombas de gás lacrimogêneo, dispararam para o alto e usaram cassetetes para dispersar os manifestantes. Pelo menos cinco pessoas foram detidas, disseram testemunhas.

A atual onda de manifestações começou em agosto, por causa do aumento do preço dos combustíveis, e ganhou corpo na semana passada, quando monges budistas passaram a exigir uma retratação da junta militar que governa o país por causa de maus-tratos a um religioso em um protesto recente.

O isolamento dos monastérios budistas pelos militares parecia ter como intenção tirar os religiosos das ruas. Os monges são reverenciados pelos birmaneses comuns e eventuais agressões a eles poderiam jogar a população contra a junta.

A pressão internacional contra o governo foi intensificada ontem com protestos de líderes europeus e o anúncio de que o Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) fará uma sessão extraordinária, na terça-feira, para discutir a situação no país. O encontro será em Genebra e terá a participação de mais de 40 representantes de países que formam o conselho.

A chefe da diplomacia da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, fez um apelo aos países vizinhos de Mianmar – principalmente a China e a Índia – para que ajudem a rechaçar a violência no país e a proteger a população.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]