Yangun Forças do governo voltaram a reprimir manifestantes ontem em Yangun. Soldados dispersaram protestos, ocuparam importantes monastérios budistas e cortaram o acesso público à internet. A junta militar anunciou que dez pessoas foram mortas desde que começaram as manifestações diárias contra o governo, mas diplomatas afirmam que um número muito maior de pessoas morreu.
Em Londres, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que acredita que a perda de vidas em Mianmar foi "muito maior" que a informada pela junta militar, que governa o país (antiga Birmânia) há 45 anos.
As novas medidas da junta militar alimentaram temores de que esteja prestes a se intensificar a campanha de repressão iniciada nos últimos dias.
As manifestações de ontem reuniram cerca de 2 mil pessoas em Yangun, a maior cidade do país. Os soldados lançaram bombas de gás lacrimogêneo, dispararam para o alto e usaram cassetetes para dispersar os manifestantes. Pelo menos cinco pessoas foram detidas, disseram testemunhas.
A atual onda de manifestações começou em agosto, por causa do aumento do preço dos combustíveis, e ganhou corpo na semana passada, quando monges budistas passaram a exigir uma retratação da junta militar que governa o país por causa de maus-tratos a um religioso em um protesto recente.
O isolamento dos monastérios budistas pelos militares parecia ter como intenção tirar os religiosos das ruas. Os monges são reverenciados pelos birmaneses comuns e eventuais agressões a eles poderiam jogar a população contra a junta.
A pressão internacional contra o governo foi intensificada ontem com protestos de líderes europeus e o anúncio de que o Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) fará uma sessão extraordinária, na terça-feira, para discutir a situação no país. O encontro será em Genebra e terá a participação de mais de 40 representantes de países que formam o conselho.
A chefe da diplomacia da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, fez um apelo aos países vizinhos de Mianmar principalmente a China e a Índia para que ajudem a rechaçar a violência no país e a proteger a população.