A Junta Militar do Egito ofereceu nesta quinta-feira a chefia do Governo a Kamal al Ganzuri, ex-primeiro-ministro do país de 1996 a 1999, embora este ainda não tenha aceitado oficialmente o cargo, informou à Agência Efe um ministro do Executivo atual.
O chefe da Junta Militar, o marechal Hussein Tantawi, recebeu a Ganzuri, de 78 anos, na sede da Secretaria Geral do Ministério da Defesa, de acordo com informações da agência estatal "Mena".
"O que houve foi uma reunião, já que o marechal Tantawi recebeu o ex-primeiro-ministro Ganzuri, mas não houve incumbência (para formar um Governo). Se tivesse sido assim, já teríamos anunciado oficialmente nos meios estatais", afirmou um porta-voz da Junta Militar, depois que várias fontes anunciaram a formação de um novo Governo.
No dia 2 de janeiro de 1996, o então presidente Hosni Mubarak, que renunciou no último dia 11 de fevereiro após uma revolta popular, nomeou Ganzuri primeiro-ministro e pediu a conclusão da reforma econômica que contemplava a privatização do setor público.
Após a revolução que derrubou Mubarak, Ganzuri se mostrou publicamente a favor dos manifestantes da Praça Tahir em várias ocasiões.
Em entrevista ao jornal "Al-Masri Al-Youm" no dia 14 de fevereiro, Ganzuri declarou que "o regime demorou muito a abordar a crise, e se Mubarak tivesse dissolvido o Governo, designado um vice-presidente e anunciado uma emenda constitucional ainda no dia 25 de janeiro, a situação não tinha chegado tão longe".
Antes de assumir esse cargo, Ganzuri tinha sido vice-primeiro-ministro e titular de Planejamento, e começou em 1991 a primeira etapa da reforma econômica em cooperação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM).
Ganzuri, formado em Agricultura e doutorado em Economia nos Estados Unidos, desempenhou um papel importante nas negociações entre o Egito e o FMI e o BM para a aplicação do programa de reforma.
A ativista e porta-voz do Partido Social-Democrata, Hala Mustafa, disse à Efe que a Praça Tahrir "rejeita" Ganzuri e insistiu em suas reivindicações para que a Junta Militar abandone imediatamente o poder.
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