Um júri britânico iniciou nesta quinta-feira (4) as deliberações sobre o inquérito da morte de Jean Charles de Menezes, brasileiro morto por policiais em uma estação de metrô em Londres, em julho de 2005. Familiares do brasileiro fizeram um protesto pouco antes da retirada do júri. Três primos de Jean Charles, que usavam camisetas com as frases "veredicto ilegal" e "nosso direito legal de decidir", levantaram-se em protesto antes de o júri deixar o local.

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O procedimento não é considerado um julgamento. Na Grã-Bretanha, ele é exigido para estabelecer os fatos quando alguém morre inexplicavelmente, violentamente ou por causas desconhecidas. Nenhuma pessoa foi individualmente responsabilizada pela morte de Jean Charles. No ano passado, uma corte britânica condenou a polícia de Londres por violações às regras de saúde e segurança por colocar em risco a segurança pública durante os disparos. A polícia foi condenada a pagar uma multa de 560 mil libras (US$ 820 mil).

Nesta quinta a família mostrou sua indignação contra as instruções dadas pelo investigador Michael Wright para o júri no começo desta semana. Segundo ele, as evidências não sustentam o veredicto de ato criminoso. Ele disse aos jurados que as opções eram devolver o veredicto de ato criminoso ou enviar um veredicto em aberto, o que significaria que o júri não chegou a nenhuma conclusão. Os advogados da família de Jean Charles não estavam na sala quando Wright apresentou nesta quinta suas conclusões.

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Wright disse aos jurados para deixarem de lado suas emoções quando levarem em conta suas decisões após mais de sete semanas de testemunhos. Jean Charles, eletricista de 27 anos, foi alvejado por policiais quando entrou em um trem do metrô na estação londrina de Stockwell, um dia depois de terroristas terem tentado explodir bombas no sistema de transporte da capital britânica. Os dois oficiais que atiraram contra Jean Charles afirmaram acreditar que ele era um dos homens-bomba que havia tentado atacar o sistema de metrô e ônibus no dia anterior.

A polícia de Londres estava em alerta na ocasião da morte do brasileiro, que aconteceu apenas duas semanas após os ataques de 7 de julho de 2005, que mataram 52 passageiros de ônibus e metrô da cidade. Os disparos contra um homem desarmado resultaram em protestos contra a polícia.