Caixões das vítimas do naufrágio na costa da Itália, que tentavam entrar na Europa vindas da África| Foto: Antonio Parrinello/Reuters

500 imigrantes estavam a bordo do navio que naufragou na quinta-feira muito perto de Lampedusa, na costa italiana. Estima-se que mais de 300 pessoas tenham morrido afogadas. outras 150 foram resgatadas.

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Os sobreviventes do naufrágio de um barco com mais de 500 imigrantes africanos, ocorrido no último dia 3 perto da ilha de Lampedusa, serão acusados pela promotoria da Itália de imigração ilegal.

A tragédia deixou mais de 130 pessoas mortas e ao menos 200 estão desaparecidas. A lei Bossi-Fini, batizada com os nomes dos ministros conservadores que a promoveram, prevê crime de cumplicidade com a imigração ilegal para quem leve à Itália imigrantes sem autorização de entrada no país.

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A lei, portanto, é aplicável a quem auxilia a navegação de barcos de ilegais em situações de emergência. "Estamos assistindo a um fenômeno migratório histórico que não vai ser resolvido apelando ao medo das pessoas. Todas as medidas adotadas se revelaram contraproducentes e falharam, porque alimentaram a xenofobia e o racismo que não honra nosso país", afirmou ontem o ministro de Administrações Públicas, Giampiero D’Alia.

À questão da legislação migratória italiana se somou ontem à polêmica em torno da atitude das equipes de resgate na hora do naufrágio da embarcação. A Promotoria de Agrigento, na Sicília, ainda não abriu uma investigação sobre o assunto.

Ajuda

Um jornal local assegura que duas lanchas da Guarda de Finanças ficaram atracadas no cais de Favaloro e não foram usadas na tragédia. O proprietário de um dos barcos pesqueiros que ajudou no resgate dos imigrantes criticou a atitude dos agentes.

"As pessoas estavam morrendo na água enquanto eles só pensavam em fazer fotografias e vídeos. Eles tinham que pensar em tirar as pessoas. Nós os subíamos de quatro em quatro. Quando meu barco estava lotado de imigrantes e pedimos para os agentes colocarem os sobreviventes nas lanchas, disseram que não era possível e que deviam respeitar o protocolo", afirmou Vito Fiorino.

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A Capitania dos Portos respondeu em seguida, assegurando que chegou ao local só 20 minutos depois de receber um alerta por rádio.

Um hangar no aeropor­to da ilha italiana de Lampedusa foi usado ontem para abrigar 111 caixões de vítimas do naufrágio. Sobreviventes e parentes das vítimas foram ao local para velar os mortos. Todos os caixões foram numerados e traziam uma rosa em cima – com exceção de quatro, destinados às crianças que morreram na tragédia. Neles, havia animais de pelúcia.