Calin Georgescu é um crítico da Otan e pró-Rússia| Foto: EFE/EPA/ROBERT GHEMENT
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O Tribunal Constitucional da Romênia anulou nesta sexta-feira (6) o primeiro turno das eleições presidenciais de 24 de novembro, vencidas pelo candidato pró-Rússia Calin Georgescu, e determinou que o processo eleitoral deve ser repetido.

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O tribunal superior decidiu por unanimidade anular todo o processo eleitoral, a apenas dois dias do segundo turno entre o nacionalista Georgescu e a pró-Europa Elena Lasconi, que estava pronto para ser realizado neste domingo (8).

“O processo eleitoral para a escolha do presidente da Romênia será reiniciado na sua totalidade, cabendo ao governo estabelecer uma nova data para as eleições”, declarou o tribunal em uma decisão sem precedentes nos 35 anos de democracia no país, um dos membros da União Europeia e da Otan.

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O breve comunicado que anuncia a decisão não fornece informações sobre os motivos da anulação, limitando-se a informar que os mesmos serão publicados na íntegra da decisão no Diário Oficial.

Esta anulação - que provoca uma nova convulsão em um país que vive um terremoto político desde que Georgescu, contra todas as probabilidades, venceu o primeiro turno com 22,9% dos votos - ocorre quando as urnas já tinham sido abertas para receber os votos no segundo turno dos romenos no exterior.

A decisão também acontece depois de vários relatórios de inteligência desclassificados na quarta-feira pelo atual presidente, Klaus Iohannis, terem confirmado que a campanha de Georgescu foi impulsionada por uma estratégia de interferência ligada a um “ator estatal”, identificado pela imprensa romena como a Rússia.

Uma rede de 25 mil contas de TikTok e grupos de Telegram coordenados desde 2022 ampliou a presença de Georgescu, apoiada por 1 milhão de euros em financiamento externo, pagamentos a influenciadores e técnicas avançadas para evitar a detecção de “bots”.

Além disso, outro relatório indica que foram registrados 85 mil ataques cibernéticos contra a Romênia atribuídos à Rússia, destinados a dividir a sociedade e a promover narrativas antiocidentais.

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Georgescu tem afirmado que não gastou nada na sua campanha e que tudo é um ataque contra ele e sua candidatura.

O candidato de direita nacionalista não contou com o apoio de nenhum partido, quase não deu entrevistas ou comícios e centrou sua campanha nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde conseguiu centenas de milhões de visualizações.

EUA acusam Moscou de interferência em "grande escala"

Nesta quinta-feira (5), os EUA acusaram a Rússia de ter interferido no primeiro turno das eleições.

“As autoridades romenas estão descobrindo um esforço russo em grande escala e bem financiado para influenciar as recentes eleições presidenciais”, denunciou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na capital de Malta, Valeta.

Calin Georgescu, que aparecia com 6% dos votos nas pesquisas, acabou vencendo o primeiro turno com 23%, uma vitória que se deve sobretudo a uma campanha massiva nas redes sociais, especialmente no TikTok, em que seu número de seguidores e a reprodução das suas mensagens disparou em poucos dias.

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Em seu discurso durante a reunião da OSCE em Malta, Blinken acusou a Rússia de ter interferido também nas eleições na Moldávia, e acusou Moscou de agir contra os princípios daquela organização, à qual pertencem 57 países da América do Norte, Europa e Ásia Central.

Com um discurso muito crítico à Otan e à União Europeia, à qual pertence a Romênia, Georgescu iria concorrer neste domingo (8) contra a candidata de direita pró-Europa Elena Lasconi, antes do anúncio de anulação do primeiro turno.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]