Cristina Kirchner, ex-presidente e ex-vice-presidente da Argentina| Foto: EFE
Ouça este conteúdo

A Justiça da Argentina determinou nesta sexta-feira (6) a reabertura de um processo que investiga o suposto enriquecimento ilícito da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), que também foi vice-presidente na gestão do peronista Alberto Fernández (2019-2023). A decisão anunciada hoje, que revogou o arquivamento da causa, aponta inconsistências nas declarações patrimoniais de Kirchner realizadas entre os anos de 2010 e 2014 e exige a realização de uma análise contábil mais detalhada.

CARREGANDO :)

Segundo informações do jornal Clarín, a investigação contra Kirchner havia sido inicialmente arquivada a pedido do promotor Gerardo Pollicita, mas a Unidade de Informação Financeira (UIF) do governo argentino, entidade dedicada a prevenir e combater crimes de lavagem de dinheiro, contestou a medida, levando o caso novamente à Justiça.

De acordo com o Clarín, os juízes Pablo Bertuzzi e Mariano Llorens destacaram que as irregularidades patrimoniais identificadas nas declarações da ex-presidente configuram “uma manifestação visível do desequilíbrio entre o patrimônio real de Cristina e o que foi efetivamente declarado”. A investigação busca esclarecer pontos controversos sobre os bens da ex-mandatária, incluindo imóveis e depósitos bancários que não teriam sido registrados adequadamente após o falecimento de Néstor Kirchner, seu marido e ex-presidente argentino.

Publicidade

A Unidade de Informação Financeira argumentou que as inconsistências patrimoniais de Cristina indicam a intenção dela em ocultar sua real situação econômica, reforçando a suspeita de irregularidades. Os juízes concordaram com UIF de que a postura do promotor Pollicita, que havia solicitado o arquivamento do caso, foi "parcial e desconectada do contexto".

Inconsistências no patrimônio

Entre as principais irregularidades apontadas está a declaração de imóveis localizados nas cidades argentinas de El Calafate e Río Gallegos. No caso de um terreno de 87.000m² em El Calafate, compartilhado com a empresa Austral Construcciones do empresário Lázaro Báez, a propriedade teria sido declarada incorretamente no nome de Néstor Kirchner, mesmo após sua morte. Além disso, a Justiça identificou variações inexplicáveis nos valores e nas descrições de outros imóveis entre 2012 e 2014.

Outro ponto destacado foi a mudança na descrição do terreno em El Calafate, que passou a ser registrado como "local comercial" em 2012, sem esclarecimentos sobre a inclusão do valor do terreno no novo registro. No caso de um imóvel em Río Gallegos, as variações na metragem e no valor declarado também levantaram suspeitas da Justiça. Lázaro Báez é um empresário argentino que foi condenado por lavagem de dinheiro.

A reabertura deste processo ocorre em meio a outras investigações envolvendo Cristina Kirchner, cujo governo foi marcado por denúncias de corrupção e irregularidades financeiras.