Islamabad A Suprema Corte do Paquistão limpou ontem o caminho para que o ditador do país, general Pervez Musharraf, concorra na eleição presidencial indireta do dia 6 de outubro próximo.
Por 6 votos a 3, os juízes da corte máxima recusaram três pedidos de inelegibilidade de Musharraf nos quais se argumentava que, por ser chefe do Exército paquistanês, ele não poderia concorrer. A decisão foi comemorada pelo governo e gerou protestos da oposição e de seus representantes legais. Um grupo de cerca de cem manifestantes ligados a partidos islâmicos oposicionistas jogou ovos e tomates contra o prédio da Justiça.
A oposicionista Aliança pela Restauração da Democracia, liderada pelo ex-premier Nawaz Sharif, declarou que seus parlamentares boicotarão a eleição do dia 6, na qual votam os membros do Parlamento nacional e das quatro Assembléias provinciais.
Sharif foi o premier derrubado pelo golpe de 1999; ele tentou voltar do exílio, mas foi mandado de volta à Arábia Saudita logo ao desembarcar em Islamabad.
O grupo que apóia a ex-premier Benazir Bhutto, Partido do Povo Paquistanês (PPP), também ameaçou com boicote, embora Benazir ainda tente uma aliança com Musharraf para compor uma chapa eleitoral, exigindo como condição que o ditador deixe a farda.
Apesar do eventual boicote, Musharraf que promete abandonar o generalato, se eleito tem a maioria necessária de cadeiras para ser eleito presidente e assim cumprir um mandato de cinco anos.