Montevidéu - A Justiça uruguaia condenou ontem o ex-ditador uruguaio Gregorio Álvarez a 25 anos de prisão pelo "homicídio especialmente agravado" de 37 opositores e por um delito de "lesa-humanidade".
"Esta tarde fui notificado da condenação de Gregorio Álvarez e do ex-capitão da Marinha, Juan Carlos Larcebau", disse o advogado especialista em causas de defesa dos direitos humanos, Oscar López Goldaracena, notificado pelo juiz do caso.
Álvarez recebeu 25 anos e Larcebau, 20 anos este último por 29 casos de homicídios especialmente agravados.
Comandante-em-chefe do Exército, em 1978, e último presidente do regime militar entre 1981 e 1985, Gregorio Álvarez já havia sido julgado anteriormente por outros crimes, tendo recebido uma condenação à prisão, no dia 17 de dezembro de 2007, por desaparecimentos forçados de presos políticos, executados depois de uma série de traslados clandestinos de Buenos Aires a Montevidéu, em 1978.
López Goldaracena informou que "Álvarez não compareceu ao tribunal, alegando estar com problemas intestinais, e o juiz Charles enviou um médico legista à prisão para determinar se ele pode ou não ser trasladado para receber a sentença. Caso contrário, receberá a notificação na própria prisão".
A decisão acontece três dias depois que a Suprema Corte uruguaia declarou inconstitucional a lei que dá anistia a militares acusados de violações dos direitos humanos durante a ditadura do país. A medida se aplica apenas ao caso de uma jovem comunista, mas pode influenciar a votação de um referendo no próximo domingo, que pode derrubar a lei de anistia, cuja flexibilização no atual governo socialista permitiu o julgamento de Álvarez. O referendo será realizado juntamente com a eleição presidencial.
O regime militar teve início no Uruguai no dia 27 de junho de 1973, com um golpe promovido pelas Forças Armadas, com a colaboração do então presidente civil Juan María Bordaberry (1972-1976). Atingido pela violenta ofensiva da guerrilha marxista dos Tupamaros, que se estendia desde o fim dos anos 60, o próprio Bordaberry havia cedido parte de sua autoridade aos militares no início de 1973.