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Reino Unido

Justiça culpa polícia britânica pela morte de Jean Charles

Londres – A Scotland Yard, a polícia britânica, foi considerada culpada ontem por colocar os cidadãos londrinos em risco quando matou o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um homem-bomba e assassinado com sete tiros na cabeça por policiais dentro da estação de metrô Stockwell, em Londres, em julho de 2005.

A polícia deverá pagar uma multa de US$ 360 mil e os custos judiciais do processo, cerca de US$ 775 mil. No entanto, os advogados da Scotland Yard já anunciaram que irão recorrer da decisão.

Caso seja condenada em última instância, o dinheiro, porém, não seria destinado à família de Jean Charles, mas voltaria aos cofres britânicos. O destino da multa tem sido alvo de críticas de parte da opinião pública britânica, que não vê sentido em obrigar a polícia, financiada com recursos do contribuinte, a pagar multas de volta para o Tesouro.

Jean Charles foi assassinado por engano em 22 de julho de 2005 por agentes da Scotland Yard dentro de um trem de metrô depois de ser confundido com o terrorista etíope Hussein Osman, acusado de participação nos ataques frustrados contra o sistema de transporte londrino, no dia anterior.

Durante o julgamento, que começou no dia 1.º de outubro, a acusação listou 19 falhas cruciais da polícia e afirmou que a Scotland Yard cometeu uma série de "erros catastróficos" que levaram à morte do brasileiro. A polícia ainda foi acusada de modificar fotos de Jean Charles para torná-lo mais parecido com o terrorista etíope.

Os promotores afirmaram que a polícia cometeu um crime ao pôr o público em perigo. Primeiro por permitir que um homem, que acreditavam ser um suicida, embarcasse no metrô. Depois por disparar sete vezes à queima-roupa contra a cabeça de um suspeito. Os advogados da Scotland Yard argumentaram que Jean Charles teria reagido "de maneira agressiva e ameaçadora" ao ser abordado pelos policiais.

Antes de concluir o caso e entregá-lo ao júri, Richard Henriques juiz encarregado do processo, havia chamou a atenção dos jurados para o fato de que a polícia "não está acima da lei". "A polícia, assim como qualquer funcionário público, deve prestar contas", afirmou o juiz, depois de ouvir as alegações da acusação e da defesa.

Os 11 membros do júri começaram a deliberar o veredicto na quarta-feira. Ontem, decidiram pela condenação da polícia britânica por " violação das leis de saúde e de segurança durante a operação". Na esfera criminal, não houve punição individual para os policiais envolvidos no caso.

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