O Ministério Público da Bolívia ordenou a prisão da ex-presidente Jeanine Añez, de ministros de seu governo, além do ex-comandante das Forças Armadas e do ex-chefe da polícia por terem pedido a renúncia do então presidente Evo Morales durante a crise política de outubro e novembro de 2019. Com a renúncia de Evo após protestos massivos, Añez se autoproclamou presidente interina, com apoio dos militares, e ficou no cargo por quase um ano.
A situação ocorre no momento em que o partido no poder, o Movimento ao Socialismo (MAS), inicia um julgamento por suposto golpe de Estado contra vários opositores e ex-líderes militares.
O general William Kaliman, juntamente com seu Estado-Maior e o então comandante da polícia, Yuri Calderón, pediram a renúncia de Evo quando o país vivia protestos que deixaram 36 mortos após eleições acusadas de terem sido fraudulentas.
A crise precipitou a saída de Evo, que venceu o pleito mas não pode ser reeleito. Kaliman não foi preso e Calderón não foi encontrado em sua casa para assumir sua defesa em um julgamento por sedição e conspiração em que Áñez e vários de seus ministros também são investigados.
Outro investigado é o ex-líder cívico Luis Fernando Camacho, líder dos protestos da oposição e virtual governador eleito de Santa Cruz nas eleições regionais do último domingo, cuja contagem oficial ainda não foi concluída. Camacho não tem mandado de prisão e deveria ter testemunhado na quinta-feira, mas a audiência foi suspensa devido à presença maciça de seus seguidores nas portas do tribunal.
Em outubro de 2020, novas eleições foram realizadas com a vitória de um aliado de Evo - Luis Arce, ex-ministro da Economia e também integrante do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Añez tentou viabilizar durante meses sua candidatura, mas diante do fraco desempenho em pesquisas, abandonou a pretensão.