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Eleições

Justiça de Israel veta decisão contra árabes

A chanceler israelense Tzipi Livni é candidata nas eleições a premier de fevereiro | Yves Herman/Reuters
A chanceler israelense Tzipi Livni é candidata nas eleições a premier de fevereiro (Foto: Yves Herman/Reuters)

Jerusalém - A Suprema Corte de Israel anulou ontem uma decisão da Comissão Central das Eleições, órgão do Parlamento israelense responsável pelos processos eleitorais, que pretendia barrar a participação nas legislativas marcadas para 10 de fevereiro de duas legendas que representam a minoria árabe do país.

Com a decisão, os partidos Lista Árabe Unida (centro) e Balad (esquerda), que juntos ocupam sete das 120 cadeiras do Knesset, Parlamento unicameral de Israel, poderão concorrer normalmente ao pleito.

"A batalha não acabou, pois a discriminação é hoje (um problema) central’’, disse Ahmed Tibi, deputado do Lista Árabe Unida, ao jornal Haaretz.

A moção de veto havia sido elaborada na semana passada pelos partidos ultradireitistas Yisrael Beiteinu e União Nacional e teve o apoio da maioria da Comissão, incluindo deputados do Partido Trabalhista (centro-esquerda) e do Kadima (centro-direita), que integram a atual coalizão de governo.

A alegação era a de que as duas únicas agremiações integralmente formadas por árabes apoiam terroristas e negam o direito de existência de Israel.

Os partidos ultranacionalistas argumentam que os líderes políticos árabe-israelenses se posicionaram contra os ataques de Israel ao Hamas em Gaza e já visitaram "países inimigos’’ como Síria e Líbano.

Reação

Revoltado com a decisão da Suprema Corte de acatar o recurso apresentado pelos árabes, o deputado Avigdor Lieberman, autor da moção contra os dois partidos, disse que irá preparar um projeto de lei para retirar a cidadania israelense de "árabes desleais’’.

O caso evidencia o racha na vida pública e na sociedade israelense entre a maioria judaica (5,7 milhões) e a minoria árabe (1,4 milhão, cerca de 20% da população). Os árabes-israelenses são descendentes dos 160 mil árabes que ficaram em Israel após a primeira guerra árabe-israelense, em 1948. Durante o conflito, que se seguiu à rejeição árabe da partilha da Palestina, 700 mil foram expulsos do país ou fugiram.

Embora tenham se tornado cidadãos israelenses, os árabes sofreram vários tipos de discriminação. Até 1966, estavam submetidos à lei marcial.

Os primeiros partidos árabes em Israel nasceram no final dos anos 60. O Hadash, comunista, reúne as duas comunidades. A Lista Árabe Unida e o Balad foram criados nos anos 90.

Embora hoje desfrutem dos mesmos direitos que os judeus, os árabes de Israel se sentem preteridos em distribuição de verbas e políticas sociais. Os árabes também são dispensados de serviço militar, obrigatório para os judeus.

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