A Justiça da Espanha anunciou nesta terça-feira (5) que vai investigar os fatos ocorridos durante a repressão chinesa a manifestações neste ano no Tibet, nas quais supostamente sete importantes funcionários do governo de Pequim estariam envolvidos.
O processo foi aberto pelo Comitê de Apoio ao Tibet, pela Fundação Privada Casa do Tibet e por Tubten Wahghen Sherpa, acusando os sete funcionários de crimes de lesa-humanidade - "matança sistemática e generalizada dos tibetanos, lesões graves, torturas e desaparições forçadas", segundo o processo.
A peça de acusação diz que os acusados comandaram em 10 de março "um ataque generalizado e sistemático contra a população tibetana, deixando pelo menos 203 mortos, mais de mil feridos graves e 5.972 detidos ilegais e desaparecidos."
O juiz Santiago Pedraz considerou que a Justiça espanhola tem competência para investigar os fatos, já que os crimes de lesa-humanidade estão tipificados no Código Penal.
Entre os investigados há dois ministros chineses: o da Defesa, Lian Guanglie, e o da Segurança do Estado, Geng Huichang.
Constam no processo também Zhang Qingli, secretário do Partido Comunista Chinês no Tibet; Wang Lequan, membro do Politburo em Pequim; Li Dezhu, líder da Comissão de Assuntos Étnicos; o general Tong Guishan, comandante do Exército de Libertação Popular de Lhasa; e o general Zhan Guihua, comissário político do comando militar de Chengdu.
Em setembro, devem ser chamados a depor o chefe do departamento de segurança do governo tibetano no exílio e personalidades ligadas aos direitos humanos.
Na embaixada chinesa em Madri não havia ninguém disponível para comentar a notícia.
A China culpa o líder espiritual exilado dalai Lama pelos distúrbios que mataram 18 "civis inocentes" em Lhasa e depois se espalharam para outras áreas de população tibetana.
Ativistas dizem que a repressão que se seguiu deixou um número muito superior de vítimas.