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Iraque

Justiça formula as primeiras acusações contra Saddam Hussein

Bagdá (Reuters/EFE) – O Tribunal Especial iraquiano apresentou as primeiras acusações contra Saddam Hussein por crimes cometidos durante a administração do ex-ditador iraquiano. O juiz encarregado da investigação, Raed Jouhi, disse que Saddam foi acusado junto com três outros réus de ter conexões com o assassinato de xiitas muçulmanos no vilarejo de Dujail, ao norte de Bagdá em 1982.

O julgamento de Saddam e dos outros acusados deve começar em alguns dias, afirmou o juiz, que prefere não falar em prazo. A data deve ser anunciada nos próximos dias. Jouhi preside a equipe de investigação do Tribunal Especial, que já teria acumulado 2 milhões de documentos e ouvido 7 mil pessoas. De acordo com o sistema judiciário iraquiano, é preciso que haja um intervalo de ao menos 45 dias após a apresentação das acusações de um caso para que o julgamento tenha início.

O ex-ditador será chamado a prestar depoimento sobre o massacre de dezenas de xiitas em julho de 1982, que ocorreu depois de uma tentativa de assassinato contra Saddam na aldeia de Dujeil (70 quilômetros ao norte de Bagdá).

Além de Saddam, serão processados seu meio-irmão Barzan Ibrahim al Hassan, que na época do massacre era chefe de serviços de inteligência, o então primeiro vice-presidente, Taha Yassin Ramadan, e Awad al-Bandar, responsável pelo partido Baath.

Saddam e seus três compatriotas são acusados de ordenar as tropas de elite (a Guarda Republicana) a cometerem "assassinatos maciços" e de encarcerarem milhares de integrantes dessa comunidade. Além disso, enfrentam acusações de secar terras agrícolas no sul para impedir que os perseguidos se escondessem.

Segundo fontes judiciais, pelo menos 400 pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, foram detidas após a tentativa de assassinato de Saddam em Dujeil. Delas, 96 foram executadas e 50 morreram após serem torturadas durante os interrogatórios. Outras dezenas de pessoas ficaram sem julgamento durante quatro anos num centro de detenção no deserto de Samawa, cerca de 200 quilômetros ao sudeste da capital iraquiana.

As investigações sobre a responsabilidade de Saddam e de seus colaboradores na repressão à rebelião xiita de 1991 continuam. Além disso, eles respondem pelo ataque com gás e armas químicas contra os curdos em 1988, bem como pelo assassinato de religiosos e políticos no país durante todo seu regime. Cerca de 200 valas comuns foram localizadas nos últimos dois anos.

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