A Suprema Corte do Chile garantiu na quinta-feira a liberdade provisória ao ex-presidente peruano Alberto Fujimori, que estava preso no país, irritando as autoridades peruanas, que temem uma fuga.
Os juízes do tribunal votaram por 4 a 1 a favor de Fujimori, 67 anos, acusado de desrespeito aos direitos humanos e de corrupção no Peru. O Peru quer que o Chile extradite o ex-presidente.
Fujimori foi preso em novembro depois de chegar a Santiago de surpresa, proveniente do Japão, onde morou por cinco anos para evitar ser processado no Peru. Seu governo, que durou dez anos, de 1990 a 2000, acabou em meio a um escândalo de corrupção.
- A liberdade do réu não representa um perigo nem à sociedade nem às vítimas e não vai prejudicar o caso - disse o tribunal em sua decisão, que estabeleceu a fiança em cerca de US$ 3 mil.
Fujimori nega ter cometido os crimes e alega ser vítima de perseguição política. Ele é acusado de autorizar a ação de esquadrões da morte contra rebeldes maoístas durante seu mandato.
- Essa decisão aumenta a possibilidade de Fujimori fugir - disse Alfredo Etchberry, advogado do governo peruano.
Ronald Gamarra, procurador anticorrupção do Estado, disse estar surpreso.
- Cabe às autoridades chilenas garantir que Alberto Fujimori permaneça em Santiago e não fuja como ele fez no Peru e no Japão ... e garantir que ele não interfira (nas eleições de 4 de junho do Peru).
No ano passado, Fujimori disse ter escolhido o Chile como destino porque seus tribunais são vistos como os mais imparciais da região. Na época, ele pretendia usar o Chile como base para concorrer à Presidência do Peru. Mas o Peru impediu a candidatura, já que ele tem os direitos políticos cassados até 2011.
- Estamos muito felizes. Estávamos esperando por isso - disse à Reuters Keiko, filha de Fujimori, eleita para integrar o próximo Congresso peruano. Ela disse que viajaria imediatamente para o Chile a fim de ver o pai.
Em abril, Fujimori se casou com a namorada, a executiva japonesa Satomi Kataoka.