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Um juiz do estado americano da Geórgia determinou nesta sexta-feira (15) que o processo contra o ex-presidente Donald Trump (2017-2021) poderia continuar se a procuradora encarregada Fani Willis ou o procurador especial Nathan Wade, com quem ela teve um relacionamento amoroso, desistisse do caso.
Horas depois da decisão do juiz, Wade deixou o processo.
O juiz do condado de Fulton, Scott McAffee, que preside o processo contra Trump por supostas tentativas de reverter a vitória de Joe Biden na Geórgia na eleição de 2020, determinou que a “aparência de conduta inapropriada” no relacionamento entre os dois membros da procuradoria exigia que um dos dois, Willis ou Wade, que ela nomeou para o julgamento, fosse afastado do caso.
A defesa de Trump havia solicitado o afastamento da procuradora. Willis e Wade sustentam que o relacionamento entre ambos, iniciado após começarem a trabalhar juntos, acabou em meados de 2023.
“O registro agora estabelecido mostra uma aparência significativa de [conduta] inapropriada que afeta a estrutura atual da equipe de acusação”, observou o juiz em seu parecer de 23 páginas, que critica duramente a procuradora.
Essa aparência, acrescentou McAffee, “deve ser eliminada por uma seleção da procuradoria por uma de duas opções [ela ou Wade sair]”.
A equipe jurídica de Trump, o candidato republicano para as eleições presidenciais deste ano, criticou a decisão do juiz, dizendo que nas audiências que examinaram a conduta de Willis ficou provado que houve trocas financeiras inadequadas com Wade e que a procuradora tentou retratar o ex-presidente, os outros réus e seus advogados como racistas em um discurso numa igreja em Atlanta, ao dizer que a tentativa de retirá-los do processo estaria relacionada ao fato dela e seu assistente serem negros.
Na decisão, McAfee escreveu que “as evidências demonstraram que o ganho financeiro resultante do seu relacionamento com Wade não foi um fator motivador por parte da procuradora para indiciar e processar este caso”.
Em agosto de 2023, Willis denunciou Trump e mais 18 pessoas por supostas tentativas de manipular o resultado da eleição presidencial de 2020 na Geórgia.
Trump é réu neste e em outros três processos criminais: o de suposta responsabilidade pela invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021; de que teria levado documentos confidenciais para sua residência na Flórida após ter deixado a presidência; e de que teria fraudado registros das suas empresas para ocultar um pagamento a uma atriz pornô para que ela não revelasse antes da eleição de 2016 um relacionamento que ambos tiveram dez anos antes.
Nesse último caso, o início do julgamento estava marcado para 25 de março, mas ele foi adiado nesta sexta-feira depois que a promotoria se disse disposta a aceitar um prazo de mais 30 dias para análise de documentos relacionados ao caso.
No caso do Capitólio, a Suprema Corte dos Estados Unidos aceitou analisar o argumento de Trump de que teria imunidade por ser presidente à época. O início do julgamento, marcado a princípio para 4 de março, foi adiado. As argumentações orais no Supremo americano foram marcadas para 22 de abril. (Com Agência EFE)