A promotoria da província de Grosseto, na região da Toscana, determinou ontem que Francesco Schettino, de 52 anos, capitão do navio Costa Concordia, que naufragou na sexta-feira passada perto da Ilha de Giglio, ficará em prisão domiciliar em Meta di Sorrento, perto de Nápoles, enquanto avança o processo judiciário.
Schettino foi acusado de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), naufrágio e abandono do navio que comandava, segundo informações dadas pelo promotor de Justiça da província de Grosseto, Francesco Verusio. Schettino se declarou inocente. Caso seja condenado, a sentença é de até 15 anos de prisão.
"O capitão defendeu seu papel na direção do navio após a colisão, o que, na visão dele, salvou centenas, senão milhares de vidas", disse Bruno Leporatti, advogado de Schettino.
O naufrágio do navio, que transportava 4,2 mil pessoas, deixou pelo menos 11 mortos (5 foram encontrados ontem) e 29 pessoas ainda estão desaparecidas. A Capitania do Porto de Livorno divulgou, ontem também, uma gravação que confirma o abandono do navio. O diálogo é entre Schettino e o chefe da Capitania de Livorno, Gregorio De Falco.
"Volte para o navio. É uma ordem. Não invente mais desculpas. Você declarou abandono de navio. Agora eu é que mando. Volte para o navio! Está claro? Você está me ouvindo? Vá e me ligue quando estiver a bordo. Minha equipe de resgate aéreo está lá", disse De Falco diante das evasivas de Schettino.
"Mas você se dá conta de que está escuro e que não podemos ver nada...", respondeu o comandante do Costa Concordia. "E daí? Você quer ir para casa, Schettino? Está escuro, e você quer ir para casa? Vá para essa proa usando a escada e me diga o que pode ser feito, quantas pessoas há e quais são suas necessidades. Agora!", devolveu De Falco.
Equipes de socorro da Guarda Costeira trabalham com pressa e contra o tempo, porque o clima deverá piorar hoje perto da Ilha de Giglio, onde a embarcação está encalhada. Ainda existem chances de sobreviventes serem encontrados, mas elas são remotas.
Emergência
O ministro do Meio Ambiente da Itália, Corrado Clini, disse que o governo poderá declarar estado de emergência na costa da Toscana nas próximas horas. O governo teme que 2,4 mil toneladas de combustível ainda armazenadas nos tanques do navio vazem e provoquem um desastre ambiental no Arquipélago Toscano.