A presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, Gladys María Gutiérrez, anunciou nesta quinta-feira que a justiça venezuelana reabrirá as investigações sobre tortura, perseguição e desaparecimento de milhares de pessoas por razões políticas de 1958 a 1998.
"A reabertura do inquérito foi determinada para esclarecer estes fatos que tanto envergonharam nosso país em um passado relativamente recente", afirmou Gladys María a jornalistas depois de uma reunião com a procuradora-geral Luisa Ortega e o presidente do Conselho Moral Republicano, Tarek William Saab.
Durante o encontro desta quinta-feira, Gladys disse que foi constituída uma comissão com funcionários do TSJ "que será presidida pela magistrada Deyanira Nieves, presidente da Sala de Cassação Penal". Esta comissão será coordenada junto com a Comissão pela Justiça e pela Verdade, criada em 2012 e encarregada destas investigações.
A comissão estipulada nesta quinta-feira servirá para "articular o trabalho realizado pela Comissão da Verdade e o que precisar da intervenção do Poder Judiciário, como solicitações de revista, exumações ou uma ordem de prisão", explicou.
A Comissão da Verdade investiga desaparecimentos por motivos políticos em um período de 40 anos denominado pelo governo chavista da IV República, em alusão ao intervalo que vai desde a queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, em 1958, à primeira vitória eleitoral de Hugo Chávez, em 1998.
Até 2013, a comissão registrou cerca de 1.600 vítimas, e depois das investigações e da coleta de informações com familiares elas "já passam de 6 mil", afirmou Ortega nesta quinta-feira.
De acordo com o defensor público, até o momento "foram documentados quatro corpos de mártires dessa época para serem entregues aos familiares, com nome e sobrenome".
As autoridades venezuelanas decidiram reabrir em outubro de 2013 os arquivos dos corpos de inteligência e segurança da época e disponibilizá-los para que a Comissão pela Justiça pela Verdade possa avançar com as investigações.