Filho do líder da Líbia Muamar Kadafi fez pronunciamento à nação neste domingo após graves conflitos| Foto: Libyan TV / AFP Photo
Opositores ao regime de Muanmar Gaddafi fazem protesto em frente à embaixada líbia em Londres
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A rede de televisão Al-Jazira informou neste domingo (20) que o ditador da Líbia, Muamar Kadafi, deixou o país em direção à Venezuela, de acordo com a agência de notícias chinesa Xinhua. A possível fuga de Kadafi ocorre após uma onda de protestos contra o governo do ditador que está há 41 anos no poder.

O filho do ditador da Líbia, entretanto afirmou em pronunciamento na televisão estatal na noite deste domingo que seu pai continua no país, protegido pelo exército "que será fiel a Kadafi e à Líbia". Ele disse ainda que Seif al-Islam Kadafi reconheceu que manifestantes tomaram controle de algumas bases e tanques militares no país.

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Embora tenha procurado minimizar a proporção dos protestos e da repressão, Seif al-Islam alertou para o risco de guerra civil no país, que segundo ele destruiria as reservas de petróleo e, portanto, os recursos para o desenvolvimento da Líbia. Ele reconheceu que o exército cometeu erros durante os protestos, porque as tropas não estavam preparadas para combater os manifestantes.

Seif al-Islam propôs reformas em alguns dias, o que descreveu como uma "iniciativa nacional histórica". O filho de Kadafi declarou que o regime pretende remover algumas restrições e que começará a discutir a constituição. Seif al-Islam propôs mudar algumas leis, inclusive as que envolvem a mídia. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Conflitos

Neste domingo, a Líbia alertou a União Europeia (UE) de que vai "suspender a cooperação" na luta contra a imigração ilegal caso o bloco não pare de incitar protestos pró-democracia, de acordo com a presidente da UE. A chefe de política exterior da UE, Catherine Ashton, avisou a Líbia neste domingo que a violência do Estado contra os manifestantes deve "parar", depois da informação da morte de pelo menos 200 pessoas desde terça-feira

As forças de segurança da Líbia abriram fogo contra os manifestantes na segunda cidade do país, Benghazi, disse uma testemunha, depois de muitas mortes em um dos dias de protestos mais sangrentos que assolam o mundo árabe.

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Moradores disseram que dezenas, talvez centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas da cidade para enterrar os muitos mortos das últimas 24 horas.

Os manifestantes, inspirados pela agitação na vizinha Tunísia e no Egito, exigem o fim da ditadura de Muamar Kadafi, que já dura 41 anos. Suas forças de segurança responderam com violência. As comunicações estão sendo controladas, e o acesso de jornalistas internacionais a Benghazi não é permitido.

O grupo Human Rights Watch disse que 84 pessoas foram mortas na cidade no sábado, elevando o número de vítimas fatais nos confrontos que ocorrem principalmente no leste do país para 173 em quatro dias de distúrbios.

"Houve um massacre aqui ontem à noite", disse à Reuters por telefone no domingo um morador que não quis se identificar. Mais tarde no domingo, um dos principais líderes tribais, que pediu anonimato, disse que as forças de segurança, que estavam confinadas, deixaram os alojamentos nos quartéis e atiravam nos manifestantes nas ruas, como "uma perseguição de gato e rato."

Os confrontos aconteceram em uma estrada que leva a um cemitério, onde milhares de pessoas foram enterrar seus mortos.

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"A situação é muito tensa e vários incêndios irromperam no quartel general do comitê revolucionário e em outros edifícios", ele disse.

Informações fragmentadas indicam que as ruas de Benghazi, cerca de 1.000 km ao leste da capital, Trípoli, estão agora sob o controle dos manifestantes antigoverno, sofrendo ataques periódicos das forças de segurança, que atiram de dentro do seu quartel murado.

Um morador disse que cerca de 100 mil manifestantes dirigiram-se ao cemitério "para enterrar dezenas de mártires".

Outra testemunha disse à Reuters que milhares de pessoas realizaram rituais de orações em frente aos 60 corpos expostos na cidade. Mulheres e crianças estavam entre a multidão de centenas de milhares de manifestantes que foram até a orla marítima mediterrânea e à área ao redor do porto, ele disse.

Um médico de um hospital de Benghazi disse que as vítimas sofreram ferimentos graves causados por armas de longo alcance.

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