Trípoli - O regime líbio rejeitou ontem a oferta de cessar-fogo feita pelos rebeldes, afirmando que as forças de Muamar Kadafi não vão se retirar das cidades que controlam, disse o porta-voz do governo Mussa Ibrahim. "Os rebeldes nunca ofereceram a paz. Eles não oferecem a paz, eles estão fazendo exigências impossíveis", disse Ibrahim aos jornalistas na capital.
O fronte de combate entre as tropas de Kadafi e os insurgentes avançou ontem mais para o leste, se aproximando de Brega, um terminal portuário petrolífero que os insurgentes retomaram de Kadafi no dia 26 de março. Enquanto isso, o chanceler italiano Franco Frattini disse que a Itália não descartou enviar armamentos aos insurgentes líbios.
Mais cedo, o chefe do Conselho Nacional de Transição anunciou que os rebeldes estavam prontos para um cessar-fogo, desde que as forças de Kadafi encerrassem seus ataques contra cidades mantidas pelos rebeldes.
"Nós concordamos com o cessar-fogo com a condição de que nossos irmãos nas cidades ao oeste tenham liberdade de expressão e que as forças que os sitiam se retirem", declarou Mustafa Abdul Jalil, na cidade de Benghazi. Ele acrescentou, porém, que a revolução ainda tem como objetivo derrubar o regime.
Mas Ibrahim chamou a oferta de trégua de "truque". "Não vamos deixar nossas cidades. Nós somos o governo, não eles", afirmou ele, acrescentando que o governo sempre está pronto para negociar e quer a paz.
O anúncio ocorreu dois dias depois de os rebeldes terem sido expulsos de uma série de terminais petrolíferos no leste da Líbia, que eles haviam tomado duas vezes durante as duas semanas de revolta com o objetivo de depor o regime de 41 anos de Kadafi.
Diálogo
Um ex-premiê líbio disse ontem, porém, que Kadafi negocia com as potências ocidentais, por meio de emissários, a possibilidade de acordo para um cessar-fogo.
Em entrevista ao canal Channel 4 News, do Reino Unido, Abdul Ati al Obeidi disse que Trípoli possui canais de diálogo com Estados Unidos, França e Reino Unido, líderes da coalizão que realiza ações militares na Líbia há duas semanas, para obter uma "solução mútua. "Nós estamos tentando dizer para que parem a matança de pessoas, disse Obeidi.
A revelação de que há, de fato, uma tentativa por parte de Kadafi de negociar o fim da crise confirma relatos dos últimos dias de que o ditador estaria buscando saída para a crise que paralisa o país. E reforça o entendimento de que a disputa de governistas e rebeldes, com apoio externo, chegou ao impasse.
Anteontem, o jornal britânico Guardian afirmou que um auxiliar de um dos filhos de Kadafi, Saif al Islam, tivera conversas com autoridades do governo britânico. Recentemente, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também dissera que o ditador tentava contato para negociar a saída.
Ontem, o porta-voz do premiê David Cameron (Reino Unido) admitiu contato com mais de uma autoridade líbia, mas não deu detalhes e afirmou não haver nenhuma oferta de acordo a Kadafi.