Entrevista
"Queda é uma questão de dias"
Se movimentos como a Frente Nacional de Salvação da Líbia (FNSL), um dos mais tradicionais grupos de oposição a Muamar Kadafi, veem a queda do ditador como favas contadas, há o temor de que o coronel deixe um rastro de destruição em sua saída. É o que explica Mohamed Ali Abdullah, vice-presidente da FNSL, e que há 29 anos vive no exílio.
Conselho de segurança
ONU pede o fim da violência
O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou ontem a repressão do governo líbio aos manifestantes e pediu ao regime de Muamar Kadafi o fim imediato da violência.
O Conselho também solicitou às autoridades líbias que garantam a segurança de estrangeiros e se certifiquem de que membros de equipes humanitárias tenham acesso aos feridos. "Os responsáveis pelos ataques contra cidadãos na Líbia devem ser responsabilizados", acrescentou o comunicado divulgado no fim de um dia de conversas.
O Brasil copatrocina a convocação, para a sexta-feira, de uma reunião de emergência na ONU para debater denúncias de violações de direitos humanos na Líbia.
Trípoli - O ditador líbio, Muamar Kadafi, afirmou ontem em discurso transmitido pela tevê estatal que não deixará o poder e que se for preciso morrerá como "mártir, qualificando rebeldes como "gente que se droga e se embebeda.
"Muamar Kadafi é o líder da revolução. Muamar não é presidente para renunciar. Muamar é o líder da revolução para sempre", disse ele, desde 1969 no poder.
O regime líbio, porém, voltou a dar sinais de implosão, com a renúncia do ministro do Interior, Abdul Fattah Younis, noticiada pela tevê Al Jazeera, e de novos representantes diplomáticos do país. Younis, ainda de acordo com a emissora árabe, conclamou o Exército a engrossar as fileiras da oposição.
Kadafi delegou poderes a alguns de seus filhos, que nos últimos anos têm assumido importantes postos no governo. Self Al-Islam, de 39 anos, seria o herdeiro político. (Veja box ao lado).
Relatos locais indicavam também que toda a região leste da Líbia, incluindo Benghazi a segunda maior cidade do país , está sob controle de rebeldes. A área é um tradicional bastião de opositores ao regime líbio.
Após uma semana de protestos antirregime, o número oficial de vítimas é de 300 sendo 58 membros das forças de segurança. Porém fontes não oficiais estimam mais de 400 mortes, 300 das quais apenas em Benghazi.
Gaddafi proferiu seu discurso no final da tarde (horário local), sozinho na tribuna da residência oficial, alvo de bombardeios norte-americanos de 1986 que mataram uma de suas filhas.
A alguns metros do local, na Praça Verde, em Trípoli, um enorme monumento em formato de braço segurava um avião dos Estados Unidos em referência ao episódio, símbolo dos anos de hostilidades. "Ficarei aqui", declarou Kadafi, mais longevo mandatário da África, gesticulando nervosamente.
Em pouco mais de meia hora de discurso, prometeu "depurar casa por casa do país atrás dos "ratos e mercenários e exortou partidários a saírem em sua defesa. "A partir de amanhã, peguem suas crianças, saiam de casa, todos vocês que amam Kadafi, vão às ruas, não tenham medo deles.
"Persigam-nos, prendam-nos, entreguem-nos às forças de segurança. Eles são poucos, são terroristas, disse. "Todos os crimes cometidos por eles [os manifestantes] são passíveis de punição por execução pela lei líbia.
E encerrou conclamando: "O tempo da vitória chegou. À frente, à frente, à frente. Revolução! Revolução!
Deserções
Desde segunda-feira, Kadafi enfrenta uma onda de deserções no gabinete, nas Forças Armadas, na Chancelaria e na intrincada rede de tribos que constitui a base do regime mantido pelo ditador.
Na diplomacia, as deserções incluem altos membros da delegação da ONU e embaixadores. Dois aviões de combate e dois helicópteros do governo aterrissaram na República de Malta com desertores do regime líbio.
Os protestos na Líbia, inspirados pelas revoltas que derrubaram os ditadores de Tunísia e Egito, têm sido marcados por violenta repressão, incluindo bombardeios aéreos contra civis.
Há relatos ainda da presença de mercenários contratados para atacar opositores. Segundo a rede de tevê árabe Al Jazeera, seriam sobretudo dos vizinhos Chade e Sudão e da Somália.
A Liga Árabe suspendeu ontem a Líbia, que ocupa a presidência rotativa do bloco regional, devido à violência.
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