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O líder líbio Muammar Kadafi e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, assinaram neste sábado um acordo sob o qual a Itália pagará bilhões de dólares em investimentos e indenizações por sua colonização no país do norte da África.

O "pacto de amizade" deve remover a última barreira para uma melhora nos laços entre a Itália e a Líbia, uma grande produtora de energia.

"Este acordo abre as portas para a futura cooperação e parceria entre Itália e Líbia", disse Kadafi na cerimônia de assinatura, em um palácio que já foi a sede da autoridade governamental italiana no país, durante o período de 1911-1943.

Berlusconi disse que o acordo encerra "40 anos de desentendimentos", acrescentando que "isso é um reconhecimento completo e mora pelos danos infligidos à Líbia pela Itália durante a era colonial".

A Líbia acusa a Itália de ter matado milhares de líbios e retirado outros milhares de suas vilas e cidades durante o período.

Berlusconi disse em sua chegada que, pelo acordo, 200 milhões de dólares anuais serão investidos pela Itália na Líbia durante 25 anos. "As empresas italianas farão mais negócios na Líbia", acrescentou, sem dar detalhes.

Autoridades italianas afirmaram anteriormente que o acordo cobria "alguns bilhões de dólares" em indenização e 5 bilhões de dólares em investimentos, incluindo a construção de uma rodovia que vai da fronteira com a Tunísia até o Egito. O projeto também envolve a retirada de minas colocadas na época colonial.

A Itália espera, em troca, obter contratos de energia e que o governo de Trípoli endureça suas medidas de segurança para conter o fluxo de imigrantes ilegais, incluindo patrulhas marítimas dos dois países.

Em um gesto de boa vontade no sábado, a Itália devolveu uma estátua antiga de Vênus, tomada por Roma durante o período colonial, informou a imprensa estatal da Líbia.

A "Vênus de Cirene", que está sem a sua cabeça, foi levada da cidade de Cirene, uma antiga colônia grega, por tropas italianas e colocada à mostra em Roma.

A Itália tem tido relações difíceis com a Líbia desde que Kadafi assumiu o poder, em 1969. Ele expulsou italianos do país e confiscou as suas propriedades em 1970.

Roma apóia a tentativa de Trípoli de melhorar suas relações com o Ocidente, que avançaram consideravelmente desde 2003, quando a Líbia assumiu a responsabilidade pela explosão de um avião da Pan Am, em Lockerbie, na Escócia, em 1988. A Líbia também disse que pararia de desenvolver armas nucleares, químicas e biológicas.

No dia 14 de agosto, a Líbia assinou um acordo com os Estados Unidos para acertar as reivindicações de indenização de ambos os países por bombardeios.

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