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O governante da Líbia, Muamar Kadafi, disse em mensagem de áudio transmitida pela televisão hoje que todo o povo foi armado e está pronto para derrotar as forças ocidentais que atacam o país do norte da África. Kadafi prometeu uma "longa guerra" contra a força militar internacional que começou a bombardear alvos ontem. Militares dos Estados Unidos informaram que 112 mísseis Tomahawk já foram disparados desde ontem, contra mais de 20 alvos.

A televisão estatal líbia disse hoje que 48 pessoas foram mortas e 150 ficaram feridas nos bombardeios. O número foi confirmado mais tarde pela chancelaria da Rússia. A televisão líbia afirma que muitas crianças estão entre os mortos e feridos, mas não deu maiores detalhes.

Kadafi disse que seu país foi "traído" pelos EUA, Grã-Bretanha, França e Itália. Pelo menos 18 caças norte-americanos F-15 e F16 participaram dos bombardeios hoje contra Tripoli, controlada por Kadafi, e contra os arredores de Benghazi e de Misurata, respectivamente a segunda e a terceira maiores cidades do país, controladas pelos insurgentes mas cercadas pelas forças do governante. A Academia da Força Aérea da Líbia, nos arredores de Misurata e que estava sob o controle de Kadafi, foi um dos locais bombardeados.

O almirante Mike Mullen, chefe de Estado Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos, disse hoje que uma zona de exclusão aérea "foi efetivamente estabelecida" sobre a Líbia. Mullen alertou, contudo, que a derrubada de Kadafi não é o objetivo previsto na resolução aprovada pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, afirma, é provável que ocorra um "impasse" e que Kadafi continue no poder.

Em Benghazi, a capital dos insurgentes e primeira cidade a cair na revolta que começou em 15 de fevereiro, os moradores disseram que os bombardeios ocidentais começaram "na última hora". Soldados e tanques de Kadafi já estavam nos subúrbios da cidade ontem, quando começaram os bombardeios, desfechados pelos caças Raffale e Mirage da França.

Mohammed Faraj, um ex-militar líbio de 44 anos que se juntou aos insurgentes, disse que o moral agora está bastante alto em Benghazi, após o início dos bombardeios ocidentais contra Kadafi. "Nosso espírito está bem alto. Kadafi nunca mais colocará os pés em Benghazi", disse, em um posto de controle nos arredores da cidade.

Embora tenha melhorado em Benghazi, a situação dos insurgentes parece ser crítica em Misurata, única cidade no oeste da Líbia ainda sob poder dos rebeldes. "Misurata é a única cidade no oeste que ainda não está sob o controle de Kadafi e ele está fazendo tudo para mudar isso", disse o ativista líbio Fathi al-Warfali, que falou a partir da Suíça. Segundo ele, forças de Kadafi bombardearam Misurata durante grande parte deste domingo.

Kadafi disse que o governo líbio abriu seus arsenais para o povo e que agora 1 milhão de homens e mulheres estão armados. Ele afirmou que suas forças retomarão Benghazi. A televisão estatal disse que partidários de Kadafi estão indo para os aeroportos, onde atuarão como "escudos humanos" contra os bombardeios. "Nós prometemos a vocês uma longa guerra", disse Kadafi. O governante líbio também prometeu vingança contra os líbios que estão com a insurgência. "Nos combateremos e vamos atirar em qualquer traidor que colaborar com os americanos e com a Cruzada Cristã".

"Este não é um desfecho que os EUA ou qualquer outro país buscaram", disse hoje o presidente norte-americano Barack Obama, em visita ao Brasil. "Não podemos ficar parados quando um tirano diz a seu povo que não haverá piedade", disse Obama, defendendo os bombardeios.

A Operação Aurora da Odisseia foi lançada na manhã de ontem, quando líderes e representantes de 22 países discutiam como impor sobre Kadafi a sanção 1973 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), aprovada na noite de quinta-feira. A resolução estabeleceu uma zona de exclusão aérea sobre todo o território líbio, para impedir que as forças de Kadafi continuassem a bombardear os insurgentes. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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