Sob a pressão de uma nova leva de deserções, o líder líbio Muamar Kadafi renovou um pedido de cessar-fogo em conversas com um mediador africano, mas não deu sinais de que acatará as exigências ocidentais para que renuncie.
O mediador, o presidente sul-africano Jacob Zuma, disse após uma visita relâmpago na segunda-feira que Kadafi deseja um cessar-fogo, incluindo o fim dos bombardeios da Otan - termos já rejeitados no mês passado após uma primeira mediação de Zuma.
Zuma acrescentou, sem elaborar: "Discutimos a necessidade de dar ao povo líbio a oportunidade de resolver seus problemas por conta própria."
Horas após sua partida, a TV líbia relatou que uma aeronave da Otan havia retomado os ataques, atingindo o que disse serem instalações civis e militares no assentamento de Al Jufrah, no deserto, 460 km a sudeste de Trípoli.
Aviões da coalizão também atingiram uma série de instalações civis e militares no distrito de Tajura, na capital, relatou o canal de TV.
Não houve confirmação imediata destes relatos.
Os líderes ocidentais responsáveis pela campanha aérea de dois meses conduzida pela Otan contra as forças de Kadafi dizem que não deterão os bombardeios até o líder líbio se retirar do poder.
Em Roma, oito oficiais líbios, incluindo cinco generais, compareceram a uma coletiva de imprensa organizada pelo governo italiano, dizendo serem parte de um grupo de até 120 oficiais e soldados que desertaram Kadafi nos últimos dias.
As deserções ocorrem dois meses após aquela do ministro das Relações Exteriores líbio e ex-chefe da espionagem, Moussa Koussa, e a renúncia do diplomata veterano Ali Abdussalm Treki.
Na capital italiana, um dos desertores, que se identificou como General Oun Ali Oun, disse aos repórteres: "O que está acontecendo com nosso povo nos assustou. Há muita matança, genocídio... violência contra mulheres. Nenhuma pessoa sábia, racional, com um mínimo de dignidade pode fazer o que vimos com nossos olhos e o que ele nos pediu para fazer."
O embaixador líbio na ONU, Abdurrahman Shalgam, que desertou Kadafi, afirmou que todos os 120 militares estão fora da Líbia agora, mas não disse onde estão.
A transmissão televisiva de Kadafi recebendo Zuma mostrou ao mundo exterior a primeira imagem do líder líbio desde 11 de maio, quando ele foi mostrado pela TV estatal se encontrando com o que afirmou serem líderes tribais.
A visita de Zuma foi sua segunda desde que o conflito teve início em fevereiro. Sua viagem anterior fez pouco progresso porque Kadafi se recusou a encerrar seu governo de 41 anos, o que líderes rebeldes dizem ser uma pré-condição para qualquer trégua.
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