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Kalashnikov condena uso "criminoso" de seu fuzil

Kalashnikov condena uso "criminoso" de seu fuzil | AFP
Kalashnikov condena uso "criminoso" de seu fuzil (Foto: AFP)

Às vésperas de completar 90 anos, o inventor do fuzil Kalashnikov tem um grande arrependimento: que sua arma, criada em 1947, tenha se tornado a preferida de militantes e rebeldes da Libéria ao Afeganistão e de traficantes e drogas.

"Para mim é doloroso ver elementos criminosos de todos os tipos disparando com a minha arma", afirmou Mikhail Kalashnikov, num comunicado gravado especialmente para uma conferência de comerciantes de armas russos numa instalação secreta da era soviética nos arredores de Moscou.

Pelos serviços prestados à Rússia, Kalashnikov é considerado um herói, cujo 90o. aniversário será comemorado com honrarias no mês que vem.

Embora sua invenção tenha sido adotada por movimentos revolucionários da Ásia à América Latina, para seus críticos no Ocidente ele foi o criador de uma arma de massacres e carnificinas.

Kalashnikov deixou claro no vídeo nunca ter previsto o alcance global da arma de fogo.

"Eu criei essa arma antes de tudo para salvaguardar a nossa pátria", afirmou ele, com aparência frágil e com os olhos marejados.

Projetada pouco depois da Segunda Guerra Mundial para ser usada em condições difíceis nas quais as tropas soviéticas atuavam, a Kalashnikov, operada a gás, é barata de fabricar e fácil de manter e tornou-se uma das armas mais bem-sucedidas já produzidas.

"Quando jovem, eu li em algum lugar o seguinte: Deus, todo poderoso, disse: 'Tudo que é muito complexo é desnecessário e é o simples que é necessário'", afirmou Kalashnikov, vestido em um uniforme militar.

"Portanto esse foi o lema da minha vida - tenho criado armas para defender as fronteiras de minha pátria, para que sejam simples e confiáveis".

"As armas que levam o meu nome estão em atividade em 55 países", acrescentou Kalashnikov, orgulhoso. Ele ainda é o principal designer de armas para a Izhmash, a holding que produz as Kalashnikovs.

"Em alguns países, mesmo os recém-nascidos recebem o nome de 'Kalash'", afirmou ele. "Isso é muito divertido".

Embora por volta de 100 milhões de Kalashnikovs tenham sido produzidos ao longo de 60 anos, apenas cerca de metade é produzido com autorização, cumprindo os padrões de qualidade russos.

Para os russos, que se orgulham das marcas nacionais reconhecidas mundialmente - o balé Bolshoi, a vodca, a espaçonave Soyuz e o fuzil Kalashnikov --, isso é irritante.

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