A vice-presidente dos Estados Unidos e provável candidata do Partido Democrata à Casa Branca, Kamala Harris| Foto: EFE/WILL OLIVER
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A vice-presidente dos Estados Unidos e provável candidata do Partido Democrata à Casa Branca em novembro, Kamala Harris, tem um ponto em comum com o republicano Donald Trump: não confia no sistema eleitoral americano.

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Assim como o ex-presidente, que será pela terceira eleição consecutiva o candidato do seu partido à presidência, e seus apoiadores alegam que a derrota para Joe Biden em 2020 ocorreu porque a eleição foi “roubada”, Kamala colocou em dúvida os processos eleitorais do país em 2022.

Em entrevistas à imprensa americana em janeiro daquele ano, a vice-presidente ecoou declarações de Biden e colocou em dúvida a lisura das eleições caso não fossem aprovados no Congresso americano dois projetos de lei, a Lei John Lewis sobre Direitos de Votar e a Lei sobre Liberdade para Votar.

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A primeira restabeleceria uma exigência dos anos 1960 de que certas jurisdições deveriam buscar aprovação federal antes de promover mudanças em suas leis de votação. Já a segunda previa alterações como mudar as leis de financiamento de campanha, para reduzir a influência de grandes doadores, e proibir a manipulação partidária de distritos eleitorais, o chamado gerrymandering.

Em entrevista à PBS News, Kamala afirmou que os Estados Unidos precisavam “de leis federais que garantam a liberdade e o direito de cada americano de ter acesso à urna para poder votar”, ao invés de deixar para os estados definir tais regras.

“A Lei John Lewis sobre Direitos de Votar e a Lei sobre Liberdade para Votar abordaram essas questões, e essas são as questões que estão presentes, que são iminentes, e que francamente apresentam neste momento os termos daquilo pelo que vamos lutar, por esses importantes pilares da democracia, como o direito de votar e de eleições livres e justas. Então, vamos aprovar essas duas leis e garantir, por meio de lei federal, que todos os americanos tenham um acesso significativo às urnas”, alegou a vice-presidente.

Dias depois, em entrevista à NBC, Kamala voltou a sugerir que só haveria eleições “livres e justas” nos Estados Unidos se os dois projetos fossem aprovados e acusou os estados de terem implementado “leis que tornam propositalmente mais difícil o voto do povo americano”.

“Esse é o tema da conversa. E não nos deixemos distrair pelo jogo político, quando o que está realmente em jogo são questões como se os americanos com deficiência têm a oportunidade de votar pelo correio, se uma mãe solteira tem a oportunidade de votar com três filhos no banco de trás [do carro] votando em uma caixa de correio em vez de ter que ficar horas na fila com aquelas três crianças”, disse a democrata.

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Os dois projetos de lei foram aprovados na Câmara, mas não avançaram no Senado.

Outra polêmica protagonizada por Kamala ocorreu no mesmo mês: ela contratou o analista político democrata Jamal Simmons como seu diretor de comunicação.

Simmons havia colocado em dúvida a vitória de George W. Bush na eleição presidencial de 2000, alegando que a eleição foi “roubada” e que o republicano foi um presidente “ilegítimo”. Ele deixou de trabalhar para Kamala em janeiro de 2023.