O ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic ameaçou boicotar o julgamento por que passará sob acusação de genocídio no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia. Em uma carta para os juízes da corte da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgada nesta quinta-feira (22), o ex-líder pede dois anos para se preparar para o caso. "O maior, mais complexo, importante e sensível caso já julgado por esse tribunal está para começar sem uma preparação apropriada", afirmou. Os juízes afirmam que ele já teve tempo suficiente para se preparar.

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Na carta de seis páginas, Karadzic diz que não está pronto para o caso e "portanto eu posso não aparecer diante de vocês naquela data (segunda-feira)". Ele optou por realizar a própria defesa. Caso o ex-líder se recuse a comparecer, os juízes podem nomear um advogado de defesa, algo que ele aparentemente não aceitará. Uma porta-voz da promotoria evitou especular sobre o que pode ocorrer. "Cabe aos juízes decidirem o que fazer. A promotoria está pronta para o julgamento", disse.

Uma porta-voz da corte afirmou que até o momento não há indicação de que o caso não ande conforme o previsto. Segundo esta funcionária, é possível que o julgamento prossiga mesmo que o ex-líder permaneça em sua cela. Os promotores devem fazer sua fala inicial durante dois dias no caso.

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Karadzic não seria o primeiro ex-líder a boicotar um julgamento por crimes de guerra. Em junho de 2007, o ex-presidente da Libéria Charles Taylor ficou em sua cela e demitiu seus advogados no primeiro dia de seu julgamento por atrocidades na vizinha Serra Leoa. O caso de Taylor ficou suspenso durante meses, até recomeçar com um novo advogado de defesa.

Julgamento

Karadzic deve ir a julgamento a partir da segunda-feira. Ele responde em 11 quesitos, entre os quais genocídio e crimes de guerra, por orquestrar atrocidades sérvias durante a Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995. Segundo estimativas, 100 mil pessoas morreram no conflito.

O ex-líder servo-bósnio é acusado ainda de planejar crimes, incluindo o massacre de 8 mil muçulmanos no enclave de Srebrenica, e uma mortífera campanha de violência durante o cerco a Sarajevo. Ele pode pegar prisão perpétua. Karadzic, de 64 anos, foi preso em julho do ano passado, em um ônibus de Belgrado. Ele vivia disfarçado como um médico alternativo.

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