O ex-líder sérvio Radovan Karadzic se apresentou nesta quinta-feira (31) pela primeira vez diante do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia e pediu mais tempo para analisar as 11 acusações de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade que pesam contra ele.
A corte determinou que ele terá 30 dias para decidir como vai ser sua defesa e declarar-se inocente ou culpado. Sua próxima aparição diante do tribunal será em 29 de agosto, segundo o juiz Alphons Orie.
Vestindo uma roupa escura e sem a barba que usava quando foi preso, Karadzic compareceu ao tribunal sem advogado e disse que iria assumir a sua própria defesa.
Em silêncio, ele ouviu as acusações. Depois, disse ao juiz seu nome completo, data e local de nascimento. Ele ouviu seu direitos e disse que havia entendido e concordado com a importância deles. Em seguida, pediu mais tempo para analisar as acusações.
Prisão contestada
Depois de acertado o prazo, Karadzic protestou diante da corte em relação às circunstâncias de sua prião, ocorrida em Belgrado no último dia 21.
"Em Belgrado, fui retido de modo irregular, fui seqüestrado por civis que não conheço, não leram meus direitos, nem tive acesso ao telefone para que meus amigos não tivesse que me procurar nos hospitais", disse.
O homem que liderou a República da Sérvia durante a guerra da Bósnia (1992-95) enfrenta acusações de genocídio pelo cerco a Sarajevo, que durou 43 dias, e pelo massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica, em 1995 - considerado a pior atrocidade acontecida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A decisão é uma provável manobra para prolongar o julgamento, a exemplo do que fez o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, que acabou morrendo no cárcere antes do fim de seu julgamento.
Karadzic se apresentou à corte depois de ter passado a primeira noite numa cela do centro de detenção do tribunal de crimes de guerra da ONU, em Haia, onde deve permanecer enquanto durar o julgamento.
Desde que foi preso, em Belgrado, no último dia 21, ele cortou a barba e os cabelos longos que o disfarçaram durante os anos em que viveu na clandestinidade, fingindo ser um médico alternativo.
Ele voou para a Holanda na manhã de quarta-feira, no mesmo dia em que vários ultranacionalistas liderados pelo Partido Radical Sérvio protestaram contra sua extradição e entraram em confronto com a polícia em Belgrado.
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