O ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic declarou-se "vítima de uma caça às bruxas midiática" e alegou que isso o impedirá de ter um julgamento justo. As declarações constam dos autos da audiência preliminar realizada nesta quinta-feira (31) Haia, divulgados nesta sexta. Karadzic foi levado perante o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) apenas alguns dias depois de ter sido preso em Belgrado após mais de uma década em fuga. O TPII foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar as atrocidades cometidas durante as guerras que devastaram os Bálcãs e resultaram na desintegração da Iugoslávia no decorrer da década passada.
De acordo com o documento de quatro páginas divulgado nesta sexta na internet, Karadzic disse acreditar que seu caso estará sujeito a uma "atmosfera de linchamento na mídia e no público" alimentada pelos Estados Unidos. Ainda segundo ele, o governo americano desejaria matá-lo. "Agora é inimaginável para muita gente a possibilidade de essa corte me absolver", escreveu o ex-líder servo-bósnio. "Creio que esse fato ameace seriamente o julgamento como um todo.
Karadzic relatou uma história de intriga que começaria em 1996, quando, segundo ele, o negociador americano Richard Holbrooke ofereceu um acordo: se Karadzic renunciasse à presidência da República Sérvia da Bósnia e desaparecesse, os EUA garantiriam que ele não seria levado a julgamento em um tribunal da ONU. Mas depois, ainda de acordo com Karadzic, os EUA retiraram a proposta e passaram a querer silenciá-lo. Ele alegou temer pela própria vida até mesmo dentro da carceragem da ONU em Haia. Holbrooke negou a acusação de Karadzic. "Ele é um dos maiores homicidas em massa do mundo e está dizendo isso para se defender. Trata-se de uma história inventada na qual ninguém deve acreditar", declarou o americano.
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