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Radovan afirma que houve uma proposta de imunidade do governo norte-americano: contra ele pesa à acusação de genocídio em Srebrenica, cerca de 8.000 mortos, em 1995 | Kevin Coombs / Reuters
Radovan afirma que houve uma proposta de imunidade do governo norte-americano: contra ele pesa à acusação de genocídio em Srebrenica, cerca de 8.000 mortos, em 1995| Foto: Kevin Coombs / Reuters

O ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic exigiu nesta quarta-feira (6) que o ex-mediador de paz norte-americano Richard Holbrooke e a ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright compareçam diante do tribunal de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU) para confirmar as alegações dele sobre ter recebido uma oferta de imunidade do governo norte-americano.

Karadzic, transferido na semana passada para o centro de detenção, em Haia, do Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia, diante do qual responde a acusações de genocídio e de crimes de guerra após passar 11 anos foragido, está contestando a legalidade do processo, mostrou um documento divulgado pelo tribunal.

No texto, Karadzic repetiu suas afirmativas de que, em 1996, Holbrooke havia oferecido imunidade caso o servo-bósnio desaparecesse da vida pública.

Segundo Karadzic, quando o então mediador percebeu que não poderia convencer o procurador-chefe da corte a desistir de indiciá-lo, decidiu "eliminá-lo".

O ex-líder servo-bósnio disse ter havido várias tentativas de localizá-lo e assassiná-lo. Karadzic afirmou ainda ter temido que o "longo braço do senhor Holbrooke e da senhora Albright" conseguiria atingi-lo até mesmo atrás das grades.

"É por causa disso e por causa do acordo firmado entre mim e os EUA que eu desejo contestar a legalidade desses procedimentos como um todo e também de cada uma de suas etapas tomadas individualmente", afirmou Karadzic no documento de quatro páginas, traduzidas para o inglês do sérvio.

Uma porta-voz do gabinete do procurador do tribunal não disse se a autoridade responderia às acusações.

Holbrooke, que negou várias vezes as alegações feitas pelo ex-líder servo-bósnio desde que compareceu diante da corte pela primeira vez, na semana passada, teria dito a um jornal alemão que as afirmativas eram "mentiras absurdas e risíveis espalhadas por Karadzic há anos".

"Isso não passa de uma outra mentira do homem mais maligno da Europa", disse Holbrooke, segundo a edição de quarta-feira do jornal Bild.

Após repetir muitas das acusações que fez em um documento anterior, Karadzic pediu ao tribunal que intime o ex-mediador de paz, Albright e muitos outros, entre os quais o ex-procurador-geral Richard Goldstone.

As exigências lembram aquelas feitas pelo ex-presidente da Sérvia Slobodan Milosevic, que morreu em 2006, durante seu julgamento por crimes de guerra. Milosevic demandou a intimação do ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha Tony Blair e do ex-presidente dos EUA Bill Clinton.

De forma semelhante a Milosevic, Karadzic pretende defender-se sozinho.

O ex-líder servo-bósnio também apresentou na quarta-feira duas outras moções requerendo cópias de seu mandado de prisão e das ordens para congelar seus bens.

Detido em Belgrado, Karadzic, que então usava uma longa barba e cabelos compridos para passar desapercebido enquanto trabalhava como praticante da medicina alternativa, depara-se com 11 acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, entre as quais as relacionadas com dois genocídios - o cerco de 43 meses a Sarajevo e o massacre em 1995, na cidade de Srebrenica, de 8.000 muçulmanos.

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