Em meio a negociações para um prazo de retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão, o presidente do país, Hamid Karzai, encontrou reações divididas quanto a seu polêmico plano de conciliação com líderes do Taleban entre os mais de 60 países reunidos em conferência em Londres, ontem.
Por um lado, o comunicado final do encontro deu apoio à organização por Karzai de uma grande "jirga" (conselho tribal) para tratar da conciliação nacional. O Taleban não é citado no texto, mas Karzai reafirmou sua intenção de colocar em movimento o plano de oferecer espaços a membros do grupo extremista para que renunciem à violência.
O Taleban foi publicamente convidado a comparecer a esse conselho o grupo sinalizou, porém, que não irá. "Cada um de nós deve estender a mão a nossos homens, especialmente aos irmãos desencantados, para que aceitem a Constituição afegã", disse Karzai.
A intenção de Cabul é oferecer vias para a reintegração de membros de todos os níveis do Taleban. Os 20 mil a 30 mil combatentes receberão ofertas de dinheiro e empregos, financiados por doações de aliados internacionais. Já os líderes do grupo extremista islâmico, muitos abrigados no Paquistão, poderiam obter espaços na estrutura de governo nacional.
Em indicação do ritmo avançado da iniciativa, um funcionário da ONU afirmou a repórteres ontem que membros do conselho de líderes do Taleban se reuniram secretamente com o representante do organismo no Afeganistão, Kai Eide, para discutir o fim da luta armada.
Se há apoio para ofertas aos militantes, o movimento em direção aos líderes obteve resposta reticente, já que vários países (especialmente os EUA) consideram inaceitável a associação com acusados de conspiração para o 11 de Setembro.
Alianças
Karzai afirmou contar com a ajuda do Paquistão e da Arábia Saudita dois dos três países que reconheceram o regime do Taleban antes de sua derrubada em 2001, além dos Emirados Árabes Unidos para mediar contatos com líderes do grupo.
Teme-se, porém, que o Taleban veja a oferta como prova de que está vencendo a batalha e incremente suas operações.
As potências envolvidas nas operações no Afeganistão pretendem aumentar as forças de segurança do país para 171,6 mil soldados e 134 mil policiais até outubro do ano que vem. Em troca dos apoios, exigem medidas fortes contra a corrupção.