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Keiko Fujimori é apontada como favorita na corrida presidencial do Peru

 | Ernesto Benavides/AFP
(Foto: Ernesto Benavides/AFP)

Em eleições marcadas pela expulsão e a renúncia de metade dos candidatos, o Peru elegerá em 10 de abril o novo presidente em um processo que a Organização dos Estados Americanos (OEA) denomina de “semi-democrático” e que pode levar uma mulher ao poder.

“Chegamos a esta eleição com muita incerteza, com muito mal-estar, concluindo um processo não só controverso, mas irregular, com expulsões de candidatos, casos que nunca tinham sido vistos antes”, disse à AFP o diretor da consultoria Vox Populi, Luis Benavente. “Também chegamos sem convicção, sem uma causa, procurando outra vez o mal menor”, acrescentou.

O simulacro de votação da Ipsos difundido no domingo (3) confirma a liderança de Keiko Fujimori com 34,4%, enquanto o direitista Pedro Pablo Kuzcynski (16,8%) e a esquerdista Verónika Mendoza (15,5%) estavam em empate técnico no segundo lugar, devido à margem de erro de 2,3 pontos percentuais.

As recentes estimativas mostram uma tendência ascendente para a esquerdista Mendoza, uma congressista dissidente do governista Partido Nacionalista e psicóloga de 35 anos, que capitalizou o descontentamento com a classe política tradicional.

Trabalho pela frente

Vinte e três milhões de peruanos deverão eleger o sucessor de Ollanta Humala, em busca de alguém que enfrente três problemas-chave: aumento da insegurança, reativação da economia e resolução de conflitos sociais vinculados à mineração e ao meio ambiente, em uma campanha com falta de propostas e repleta de ofensas.

Em um país sem reeleição imediata e com maioria católica, a Igreja também intervém no debate, com bispos que criticam candidatos a favor da união civil gay e do aborto, como Mendoza.

Renúncias e expulsões

Entre renúncias e expulsões, dos 19 candidatos que iniciaram a disputa, em janeiro, restam apenas dez, entre eles um ex-governador regional que está na prisão à espera de um julgamento por corrupção.

Partidos políticos fracos impulsionam os eleitores peruanos a procurar um ‘outsider’ que os represente. Mas estes tiveram que se adaptar às consequências de uma lei aprovada aos trancos e barrancos pelo Congresso e que sanciona com a expulsão os candidatos que entregam doações, inclusive no dia da eleição.

Tampouco limita as renúncias daqueles que deixam a disputa por medo de perder a inscrição de seu partido junto às autoridades eleitorais se obtiverem menos de 5% dos votos. Entre os que se retiraram está o governista Partido Nacionalista, que deixa o poder com baixíssima popularidade.

Na atual corrida foi expulso César Acuña, empresário que doou dinheiro durante uma atividade de apostolado. Também ficou de fora Julio Guzmán, que em fevereiro era segundo nas pesquisas, por descumprir normas administrativas nas primárias do seu partido.

Keiko Fujimori também foi investigada, mas se saiu bem porque, apesar de estar presente em uma atividade de campanha em que houve entrega de dinheiro, ela não o fez diretamente. A decisão desatou críticas contra o Júri Nacional de Eleições (JNE) pela falta de critérios claros para aplicar a norma.

Até o próprio secretário-geral da OEA, Luis Almagro, advertiu para o risco de eleições “semi-democráticas” por culpa desta lei. O JNE e os organismos eleitorais esclareceram que não têm mais remédio que aplicar a lei, culpando o Congresso pelas “perversões” que gerou.

Em 10 de abril, os peruanos também elegerão os 130 parlamentares que integram o Congresso unicameral.

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