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O candidato independente à presidência dos Estados Unidos Robert Kennedy Jr. anunciou nesta sexta-feira (23) que suspendeu sua campanha pela Casa Branca e declarou apoio ao republicano Donald Trump.
Numa coletiva de imprensa em Phoenix, no estado do Arizona, ele disse que não estava encerrando a campanha. “Estou simplesmente suspendendo-a e não encerrando-a”, disse Kennedy.
“Meu nome permanecerá na cédula [de votação] na maioria dos estados. Se você mora em um estado azul [estados onde os democratas sempre vencem as eleições, como Califórnia e Nova York], pode votar em mim sem prejudicar ou ajudar o [ex-]presidente Trump ou a vice-presidente [Kamala] Harris [candidata democrata]”, afirmou.
“Em cerca de dez estados campos de batalha [onde não está claro qual partido vencerá], onde minha presença seria uma interferência, vou remover meu nome, e já comecei esse processo e peço aos eleitores que não votem em mim”, disse Kennedy.
“No meu coração, não acredito mais que tenho um caminho realista de vitória eleitoral diante dessa censura implacável e sistemática e controle da imprensa. Então, não posso, em sã consciência, pedir à minha equipe e voluntários que continuem trabalhando por longas horas, ou pedir aos meus doadores que continuem doando quando não posso honestamente dizer a eles que tenho um caminho real rumo à Casa Branca”, justificou.
Na parte da coletiva em que falou do apoio a Trump, ele alegou que seus motivos são “liberdade de expressão, guerra na Ucrânia e a guerra contra nossas crianças”.
“[Essas] três grandes causas me levaram a entrar nesta corrida em primeiro lugar, principalmente, e essas são as principais causas que me persuadiram a deixar o Partido Democrata e concorrer como independente, e agora a dar meu apoio ao presidente Trump”, acrescentou.
Segundo a CNN, antes da coletiva de imprensa, Kennedy já havia comunicado um tribunal na Pensilvânia, um dos estados campos de batalha ou pêndulos, que estava retirando uma ação para que seu nome fosse incluído na cédula de votação “como resultado do endosso de hoje” a Trump.
Depois, assessores de Kennedy disseram ao Washington Post que o trecho do comunicado que falava do apoio a Trump havia sido escrito por um advogado e não teria passado por revisão da equipe de campanha, e que o protocolo seria atualizado.
A saída de Kennedy da disputa era especulada desde o início da semana, e fontes de um comitê que apoiava o candidato independente disseram à agência Reuters na quarta-feira (21) que ele condicionaria o apoio a Trump em troca da promessa de um cargo num eventual governo do republicano.
Kennedy vinha tendo dificuldades para emplacar seu nome nas cédulas de votação, devido às regras impostas por cada estado americano para concorrer à presidência, e na quinta-feira (22) já havia decidido retirar seu nome da disputa no Arizona.
Críticas aos democratas
Robert F. Kennedy Jr., de 70 anos, é sobrinho do ex-presidente John Kennedy e filho do ex-procurador-geral e ex-senador Robert Kennedy, ambos assassinados na década de 1960.
Democrata até 2023, decidiu concorrer de forma independente à presidência dos Estados Unidos ante a postura do seu ex-partido de praticamente não considerar alternativas ao atual presidente, Joe Biden – que, ironicamente, acabaria saindo da disputa presidencial antes dele.
Na coletiva desta sexta-feira, Kennedy afirmou que deixou o Partido Democrata “porque ele havia se afastado dramaticamente dos valores essenciais com os quais eu cresci”.
“Ele havia se tornado o partido da guerra, censura, corrupção, das Big Pharma, big techs… e do dinheiro grande. Quando ele abandonou a democracia, cancelando as primárias para esconder o declínio cognitivo do presidente em exercício, eu deixei o partido para concorrer como independente”, disparou.
Kennedy chegou a aparecer em pesquisas com patamares que o colocavam como um possível ponto de desequilíbrio na disputa entre democratas e republicanos, mas seu desempenho vinha piorando nos levantamentos mais recentes.
Ainda assim, numa disputa tão acirrada como a deste ano, a migração dos seus eleitores ainda pode ter grande influência no resultado final.
“Se ele me apoiasse, eu ficaria honrado com isso”, disse Trump na quinta-feira à Fox News. “Ele realmente tem boas intenções.”
Antes, o republicano havia dito à CNN que estava “aberto” à possibilidade de dar um cargo público a Kennedy caso seja eleito em novembro.
Na coletiva, Kennedy disse que, em duas conversas recentes com Trump, o republicano lhe ofereceu um cargo na Casa Branca.
“Nessas reuniões, ele sugeriu que juntássemos forças como um partido de unidade. Falamos sobre o time de rivais de Abraham Lincoln, esse arranjo nos permitiria discordar publicamente, privadamente e furiosamente, se necessário, em questões sobre as quais divergimos, enquanto trabalhássemos juntos nas questões fundamentais sobre as quais concordamos”, relatou.