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O senador democrata John Kerry, derrotado por George W. Bush na eleição presidencial de 2004, anunciou na quarta-feira que não vai tentar novamente chegar à Casa Branca em 2008, preferindo se dedicar a atuar no Senado para acabar a guerra no Iraque.

``Concluí que não é hora para que eu monte uma campanha presidencial'', disse ele no plenário. ``É hora de dedicar minha energia para trabalhar como parte de uma maioria no Senado para fazer tudo o que eu puder para acabar esta guerra. O que acontecer aqui nos próximos dois anos pode irrevogavelmente moldar ou terrivelmente distorcer o governo de qualquer candidato que for eleito presidente.''

Muitos democratas criticam Kerry por não ter conseguido, em 2004, capitalizar o então já crescente descontentamento popular com Bush e a guerra. Além disso, ele teria desta vez que enfrentar pelo menos oito adversários internos, inclusive pesos-pesados como seus colegas de Senado Hillary Clinton, Barack Obama, além de John Edwards, que foi seu candidato a vice.

Mas Kerry tinha mais de 12 milhões de dólares arrecadados em sua campanha ao Senado e uma lista com mais de 3 milhões de emails de pessoas que já votaram nele em 2004 -dois trunfos importantes na disputa.

``Tenho orgulho da campanha que fizemos [em 2004], orgulho do fato de que há três anos eu disse que o Iraque era a guerra errada no lugar errado e na hora errada'', afirmou. ``Chegamos perto, certamente perto o suficiente para ficarmos tentados a tentar outra vez'', disse ele, que na verdade deve disputar um novo mandato de senador em 2008.

Assessores dizem que Kerry ficou muito em dúvida sobre disputar ou não a Casa Branca, mas queria encontrar uma forma de influenciar o debate sobre a guerra sem dar a impressão de ter interesses políticos.

Kerry cometeu um escorregão político às vésperas da eleição parlamentar de novembro, quando fez uma piada que ele mesmo qualificou de infeliz, recomendando a uma platéia de alunos que estudassem para que não fossem parar na guerra do Iraque. O comentário foi visto como desrespeitoso em relação aos soldados, e Kerry, condecorado no Vietnã, se desculpou.

Com a decisão de Kerry, a disputa entre os democratas está praticamente configurada -à exceção do ex-vice-presidente Al Gore, que sinaliza a intenção de não concorrer, mas não bateu o martelo, e do ex-general Wesley Clark, pré-candidato em 2004, que ainda não se decidiu.

Hillary é a favorita até agora, mas Obama e Edwards também são bem cotados. Outros que já anunciaram a pré-candidatura são o governador Bill Richardson (Novo México), o ex-governador Tom Vilsack (Iowa) e os senadores Chris Dodd e Joseph Biden -este ainda não oficializado.

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