O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, chegou ontem a Bagdá, capital do Iraque, para uma visita inesperada. Kerry partiu de Amã, na Jordânia, depois de ter acompanhado o presidente Barack Obama num giro de quatro dias pelo Oriente Médio. A visita de Kerry ocorre na semana em que são completados dez anos da invasão norte-americana, que derrubou o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.
Em Bagdá, Kerry disse ao primeiro-ministro Nuri al-Maliki que o Iraque precisa adotar medidas para deter o transporte de armas iranianas à Síria, caso pretenda participar de discussões mais abrangentes sobre o futuro sírio.
Autoridades que viajaram com o secretário disseram que a visita tinha justamente a intenção de pressionar Maliki e outras autoridades locais a conter os voos realizados pelo Irã no espaço aéreo iraquiano, além de promover reformas democráticas.
Segundo Kerry, esses aviões levam pessoal e equipamentos militares para ajudar o governo sírio contra os ataques de rebeldes. Os voos têm sido alvo de uma ampla discussão entre EUA e o Iraque. Kerry quer passar a mensagem aos iraquianos de que permitir que o Irã continue a efetuar esses voos piorará a situação da Síria e trará uma ameaça à estabilidade iraquiana.
Uma autoridade dos EUA disse que os voos "quase diários", assim como os embarques terrestres para a Síria, a partir do Irã, através do Iraque, são inconsistentes com as alegações iranianas de que tratam-se apenas de envio de suprimentos humanitários. Segundo a autoridade, existem vínculos claros entre extremistas da Al-Qaeda que atuam na Síria e militantes que estão conduzindo ataques em solo iraquiano.
A fonte explicou ainda que Kerry dirá a al-Maliki que o Iraque não pode fazer parte da discussão sobre o futuro político da Síria até que o país imponha controle às embarcações iranianas.
Ainda ontem, uma série de ataques resultou na morte de pelo menos seis pessoas no Iraque. Em Mossul, no norte iraquiano, cinco policiais morreram e três ficaram feridos. Em Bagdá, Salah Khabat, candidato a deputado provincial nas eleições regionais, foi morto a tiros.