Manifestantes pró-Rússia se reúnem em barricada próxima a um posto policial em Slaviansk, na Ucrânia| Foto: Gleb Garanich/Reuters

O presidente interino da Ucrânia, Oleksander Tur­­chinov, disse ontem que as Forças Armadas ucranianas planejam uma "operação antiterrorista de ampla escala" contra grupos separatistas pró-russos no leste do país.

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INFOGRÁFICO: Entenda o conflito

O anúncio veio após a morte, perto de Slaviansk, de um oficial de segurança ucraniano, em um ataque separatista no qual houve ao menos outros cinco feridos, segundo o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov.

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A prefeita de Slaviansk teria fugido, deixando a cidade nas mãos dos ativistas, segundo disse à Reuters o rebelde Viacheslav Ponomariov.

Turchinov deu até hoje de manhã para a rendição de grupos que, desde a semana passada, ocupam prédios do governo no leste do país.

Em Slaviansk, separatistas tomaram edifícios da polícia e do Serviço de Segurança, além de fazerem barricadas ao redor da cidade, a cerca de 150 km da fronteira russa.

Houve um ataque à mão armada a um carro no centro da cidade, no qual teriam morrido outras duas pessoas.

A agência de notícias russa RIA afirmou que houve um ativista pró-russo morto e outros dois feridos na cidade.

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Guerra civil

Turchinov culpou a Rús­­sia pelo levante no leste, enquanto o porta-voz do ministério do Exterior russo, Alexandre Lukashevich, classificou de "criminosa" a resposta militar e afirmou estar nas mãos do Ocidente evitar uma "guerra civil" no país. Os EUA rebateram, dizendo que o risco de guerra civil não existe e que a situação no leste do país é fomentada por Moscou.

Kiev acusa o Kremlin de tentar minar a legitimidade das eleições para presidente marcadas para 25 de maio, e o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, disse que Kiev "mostra sua inépcia para responder pelo destino do país".

Lavrov advertiu que o uso de força contra ucranianos de origem russa "poria em risco o potencial de cooperação", referindo-se a negociações marcadas para a próxima quinta entre Rússia, Ucrânia os EUA e a União Europeia.

As relações entre Moscou e o Ocidente chegaram a seu ponto mais frágil desde a Guerra Fria após a deposição do presidente pró-russo Viktor Yanukovich, em fevereiro, e a anexação da Crimeia pela Rússia, em março.

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A Otan (aliança militar ocidental) expressou preocupação diante da semelhança entre um grupo que tomou a delegacia de polícia de Kramatorsk, a cerca de 15 km ao sul de Slaviansk, e as tropas russas que atuaram na Crimeia.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Ras­­mussen, instou a Rússia a retirar seu efetivo, estimado pela aliança em 40 mil homens, da fronteira com a Ucrânia. Moscou insiste que as tropas desenvolvem manobras normais.

Além do risco militar, a crise na Ucrânia pode levar a uma "guerra do gás". A Rússia diz que pode se ver obrigada a cortar o fluxo para gasodutos ucranianos – pelos quais transita boa parte do gás que serve à Europa- se Kiev não pagar suas dívidas com a estatal russa Gazprom, da ordem de US$ 2,2 bilhões.