Um mês após a passagem do tufão Khanun, que destruiu milhares de plantações e matou dezenas de pessoas na Coreia do Norte, a ditadura de Kim Jong-Un parece estar mais preocupada com sua "popularidade" e a manutenção no poder.
Diante da situação de calamidade pública, a ONG Portas Abertas, que denuncia casos de perseguição religiosa contra cristãos no mundo, disse que o partido comunista norte-coreano tem aumentado a propaganda do regime, convocando a população a "salvar" retratos e estátuas ligadas à dinastia da família Kim.
O líder supremo do Estado, Jong-Un, afirmou que “para o partido, a vida das pessoas é mais valiosa do que qualquer outra coisa", no entanto, o ditador disse em seguida que “é de suma importância preservar os retratos e estátuas dos grandes líderes e protegê-los a qualquer custo, enquanto todos juntos clamam por misericórdia em meio aos tufões e enchentes”.
Um voluntário da ONG, que acompanha a situação de cristãos no país, afirmou que existe uma cultura de adoração ao líder ditatorial, promovido pelo partido comunista. "A Coreia do Norte tem milhares de monumentos e exige que as pessoas se curvem com profunda reverência diante desses objetos feitos por mãos humanas”.
Segundo ele, todos os estabelecimentos, fábricas e casas são obrigados a ter retratos do líder na parede. A polícia realiza inspeções periódicas nos imóveis e um dos itens analisados pelas autoridades é o nível de conservação dessas imagens.
Um dos meios mais importantes para a ditadura difundir sua propaganda é a televisão. O voluntário disse que existe um programa infantil, produzido pelo regime, que apresenta os líderes norte-coreanos "derrotando os imperialistas americanos".
Perseguição religiosa
A Coreia do Norte é o primeiro país elencado na Lista Mundial de Perseguição 2023, da ONG Portas Abertas. O país é marcado pela repressão comunista e tem o ditador, Kim Jong-Un, também como um líder religioso.
Cristãos norte-coreanos que fugiram do país disseram à organização que tiveram a infância marcada pela propaganda anticristã norte-coreana.
Uma das fontes consultadas afirmou que ouviu quando pequena que “missionários americanos viviam escondidos no porão de hospitais e sequestravam crianças para roubar órgãos e vender na China".
Outro refugiado disse que quando encontrou cristãos no abrigo da ONG na China teve medo e fugiu pela janela. “Eles estavam lendo um livro com uma cruz na capa. Eu tinha aprendido que aquele era o símbolo de pessoas diabólicas. Estava tão doutrinado que fugi de um abrigo completamente seguro", afirmou.