Presidente dos EUA, Donald Trump, e ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un| Foto: Brendan Smialowski/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu, neste domingo (17), um novo encontro com o líder norte-coreano Kim Jong-un. Horas depois, porém, a imprensa estatal da Coreia do Norte respondeu com uma mensagem curta e grossa: não queremos uma reunião se não ganharmos nada com isso.

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O assessor do Ministério das Relações Exteriores Kim Kye Gwan disse, na segunda-feira, que a Coreia do Norte não estava interessada em outra cúpula infrutífera. Embora concisa, a declaração segue a política norte-coreana de culpar a Casa Branca pelo impasse nas negociações nucleares.

Apesar de três encontros entre Trump e Kim, "não houve muita melhora nas relações com os Estados Unidos", escreveu Kim Kye Gwan, diplomata veterano que anteriormente liderava a delegação norte-coreana nas negociações de desnuclearização das seis partes, com EUA, Rússia, China, Japão e as duas Coreias, que ocorreram durante o governo do americano George W. Bush.

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"Não estamos mais interessados ​​em conversas que não tragam nada para nós", continuou o comunicado. "Como não temos nada em troca, não ofereceremos mais ao presidente dos EUA algo que ele possa se gabar". A declaração concluiu com o argumento de que, se os Estados Unidos desejavam melhorar o diálogo com a Coreia do Norte, deveriam abdicar "da política hostil de nos ver como inimigos".

Em resposta, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, disse nesta terça-feira que os EUA estão preparados para impedir o "mau comportamento" da Coreia do Norte e que, se as negociações não funcionarem, Washington está preparado para a luta.

Relação desgastada

Apesar da decisão sem precedentes de Trump de se encontrar com Kim em Cingapura, Hanói e na zona desmilitarizada da Península Coreana, o progresso nas negociações entre Washington e Pyongyang parou em 2019. As duas partes não conseguem chegar a um acordo sobre o quanto a Coreia do Norte teria que abrir mão de seu programa nuclear e sobre quando as sanções impostas pelos EUA contra o país seriam suspensas.

Em resposta, a imprensa estatal norte-coreana criticou membros do governo Trump aos quais atribuiu o colapso das negociações.

Em abril, a imprensa norte-coreana sugeriu que o secretário de Estado Mike Pompeo fosse substituído por alguém que "seja mais cuidadoso e maduro na comunicação". No mês seguinte, afirmou que John Bolton, então assessor de segurança nacional de Trump, era "um sujeito estruturalmente imperfeito".

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Trump havia ficado de fora das línguas afiadas da elite norte-coreana. Em alguns casos, mesmo quando criticaram seu governo, o elogiaram. "Ainda apreciamos nossa boa fé no presidente Trump", dizia um comunicado divulgado no ano passado, logo após uma desastrosa visita de Pompeo a Pyongyang.

Mas o teor agora mudou. No início de outubro, a Coreia do Norte mudou o prazo final para os Estados Unidos mudarem sua abordagem nas negociações. E, na semana passada, uma declaração divulgada pela Comissão de Assuntos Estaduais do país criticou as declarações de Trump sobre as negociações na Coreia do Norte.

"Nós, sem receber nada, demos coisas que o presidente dos EUA pode se gabar, mas o lado dos EUA ainda não deu nenhum passo correspondente", afirmou o comunicado. "Agora, traição é apenas o que sentimos pelo lado americano".

Além das declarações, a Coreia do Norte retomou os testes de mísseis balísticos de curto alcance este ano, apesar dos Estados Unidos e da Coreia do Sul terem reduzido os exercícios militares em um gesto de boa vontade. O secretário de Defesa americano, Mark T. Esper, anunciou na semana passada que os dois países haviam adiado exercícios aéreos conjuntos, na tentativa de salvar conversas com Pyongyang.