Buenos Aires (AFP) O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, consolidou seu poder nesta semana ao proceder a duas mudanças importantes e arriscadas dentro de seu governo. Eleito sem disputa em 2003 após a retirada de seu adversário, o ex-presidente Carlos Menem, ao término da primeira rodada, Kirchner nunca deixou desde então de fortalecer sua autoridade. Sua vitória nas eleições legislativas de outubro deu-lhe a legitimidade esperada para inaugurar, como explicou, uma "nova etapa" antes da eleição presidencial de 2007. Kirchner surpreendeu os argentinos na segunda-feira ao demitir Roberto Lavagna, principal responsável pela retomada do crescimento econômico no país desde que assumiu o comando do Ministério da Economia, em 2002. A retirada precipitada provocou uma queda de 4% da bolsa e provocou uma salva de comentários alarmistas, inclusive do jornal britânico Financial Times.
Para substituir Lavagna, Kirchner escolheu Felisa Miceli, 52 anos, até então presidente do público Banco La Nación, pouco favorável às teses liberais e ortodoxas em matéria econômica e militante radical de esquerda nos anos 60 e 70.
O presidente Kirchner também surpreendeu ao nomear outra ex-ativista de esquerda, Nilda Garré, para o Ministério da Defesa. O antecessor de Garré, José Pampurro, já avisou que ela poderia ter algumas "dificuldades" com os militares. Ao contrário, Kirchner preferiu a continuidade no Ministério das Relações Exteriores ao designar para o cargo o diplomata Jorge Taiana, que era até quinta-feira o vice-chanceler da Argentina. Para a maior parte dos analistas, todos esses novos ministros têm um ponto em comum: são leais ao presidente.
Outros se mostraram mais severos e criticaram o "superpresidencialismo" demonstrado por Kirchner.
Na quinta-feira, por ocasião de uma conferência na cidade de Puerto Iguazú, Kirchner fortaleceu seus laços com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, 20 anos após o primeiro tratado unindo os dois países que serviu de base ao tratado de Assunção de 1991 instituindo o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). A Venezuela poderia se juntar em breve ao bloco sul-americano e, para alguns analistas, esta reaproximação entre os dois "grandes" do continente também é destinada a enviar um sinal a Hugo Chávez, presidente da Venezuela.
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