Caminhão carregado com gasolina cruza a fronteira entre Venezuela e Colômbia, em Zulia: conflito prejudica comércio na região| Foto: Isaac Urrutia/Reuters

O que alega bogotá

Bogotá quer que a OEA envie, em até um mês, uma missão para investigar as denúncias.

- Há hoje entre 20 e 39 acampamentos de guerrilheiros das Farc ou do ELN na Venezuela.

- Desses, 5 tiveram as coordenadas confirmadas por grupos desmobilizados e por GPS.

- Os acampamentos abrigam 1.500 guerrilheiros, que planejam ataques contra a Colômbia.

- O governo da Venezuela não faz nada para combater os guerrilheiros.

Ganha e perde

Álvaro Uribe

+ Impede uma eventual presença de seu inimigo Chávez na transferência de mandato, em 7 de agosto, o que o colocaria como intransigente diante do conciliador Santos.

+ Reitera as acusações de tolerância de Caracas às Farc e pressiona os vizinhos, Brasil incluído, a se posicionar.

- Não recebeu, por enquanto, o apoio contundente dos EUA.

Hugo Chávez

- Não negou de forma inequívoca a presença de guerrilheiros no território. Limitou-se a dizer que, se há, é sem seu consentimento. A presença de grupos armados ilegais na Venezuela está associada à escalada de violência e sequestros na fronteira, fator de desgaste na sua popularidade.

+ Volta do "inimigo externo" pode ser uma boa cortina de fumaça para Chávez a menos de três meses para eleições legislativas e com problemas internos.

Juan Manuel Santos

- Vê atropelado seu esforço para recompor as relações com Caracas. Assume sem relações formais com o vizinho, ainda que Chávez tenha mantido o discurso conciliatório para o novo governo.

+ Para alguns, Santos orquestrou a nova denúncia com Uribe para colocar o tema das Farc explicitamente na mesa sem fechar outras correntes de diálogo.

Fonte: Folhapress.

CARREGANDO :)

O ex-presidente da Argentina e secretário-geral da União de Na­­ções Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, vai se reunir se­­paradamente com os mandatários de Colômbia e Venezuela pa­­ra tentar acalmar os ânimos da crise bilateral.

Publicidade

Os encontros com o venezuelano Hugo Chávez, em 5 de agosto, e com o colombiano Álvaro Uribe, no dia seguinte, foram confirmados pela Télam, a agência de notícias estatal argentina.

O marido da presidente argentina, Cristina Kirchner, também se reunirá com Juan Manuel San­­tos, após sua cerimônia de posse co­­mo presidente da Colômbia no dia 7.

A movimentação de Kirchner faz parte da pressão capitaneada pelo Brasil e pelo Equador, presidente rotativo da Unasul, para que a instância tenha papel ativo no conflito entre Bogotá e Cara­­cas.

O Brasil teme que, no âmbito da Organização dos Estados Ame­­ricanos (OEA), os EUA desequilibrem a discussão a favor de Bo­­gotá. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que telefonou para Chávez na quinta-feira, irá tratar do tema na visita trimestral à Ve­­nezuela no dia 6.

A Colômbia tem insistido que sempre esteve disposta a mediações na questão, mas que elas re­­sultaram ineficazes, e que é por isso que o país resolveu recorrer à OEA mais uma vez.

Publicidade

Ontem, o ministro da Defesa da Venezuela, general Carlos Ma­­ta, anunciou na tevê que as forças militares estão "operacionalmente preparadas’’ para defender o país de um eventual ataque de Bogotá. Mas as informações da­­vam conta de que a situação nas fronteiras era normal.

Guerrilheiros

O embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, reconheceu que há guerrilheiros colombianos no país, mas negou apoio aos rebeldes e afirmou que as Forças Armadas venezuelanas não apenas combatem a guerrilha, como já entregaram membros capturados à Colômbia. "Tivemos soldados de nossa guarda caídos em combate [contra os guerrilheiros]", afirmou.

O embaixador explicou ainda o motivo de não querer, como pe­­de a Colômbia, que organismos internacionais verifiquem as provas e chequem nos locais apontados se há efetivamente guerrilheiros. Ele afirmou que já houve duas iniciativas semelhantes no passado: em uma não encontraram na­­da e na outra não completaram a busca porque o acampamento estava em território colombiano.

A Colômbia disse ontem que a decisão da Venezuela de romper relações diplomáticas não terá nenhum impacto adicional sobre a economia, e que os comerciantes da zona de fronteira terão di­­reito a um programa de ajuda. O comércio entre os dois países despencou de cerca de US$ 6,1 bi­­lhões de dólares em 2008 para 4 bilhões em 2009 por causa de restrições impostas pela Venezuela.

Publicidade