A leve diferença no resultado das eleições presidenciais no domingo entre Daniel Scioli (36,86%), candidato kirchnerista, e Mauricio Macri, concorrente da aliança opositora Cambiemos, não foi o único golpe do legado do governo Kirchner.
Nas eleições locais, o kirchnerismo foi derrotado na província de Buenos Aires, região mais importante do país. Aníbal Fernández (35,04%), atual chefe de governo, foi derrotado por María Eugenia Vidal (39,62%), do partido de Macri.
O terceiro lugar na corrida para a presidência ficou com Sergio Massa que obteve 21,2% dos votos. Ciente da importância que seu apoio terá no segundo turno, ele afirmou que seu partido, a Frente Renovadora, ainda vai se posicionar: “Vamos nos juntar com nossos intendentes e legisladores e armar um documento único”, declarou, segundo o jornal argentino “La Nación”.
Cristina Kirchner pôde se contentar, ao menos, com a vitória em sua terra natal, Santa Cruz: sua filha, Alicia ganhou a posição de governadora da província, com 10 pontos de diferença ante o adversário Eduardo Costa, informou o “La Nación”.
A diferença apertada no resultado presidencial se deve à vitória de Macri nas províncias de Santa Fé e Mendoza e em Jujuy, onde ganhou Massa. Macri também venceu em Córdoba e, ao conquistar 32,92% em Buenos Aires, reduziu a diferença ante Scioli, que obteve 37,13% na região.
Antes mesmo da apuração integral das urnas, Scioli pediu apoio aos eleitores na continuação da campanha presidencial e convocou os “indecisos e independentes” a votar no próximo turno em 22 de novembro. “Quero que sigam nos acompanhando”, afirmou.
Macri, por sua vez, pediu suporte até aos que votaram nele “sem estar convencidos”, segundo o “La Nación”: “Eu os convido a conquistar nosso futuro. Tenho muito fé em mim“, declarou ao público.
Em Jujuy, o radical Gerardo Morales derrotou o atual governador kirchnerista Eduardo Fellner. Na província de Chubut, Mario das Neves, venceu Martín Buzzi, candidato governista. Os peronistas venceram também em Entre Ríos, Catamarca, San Juan, Misiones e Formosa.
Congresso dividido
A partir de 10 de dezembro, a Câmara dos Deputados do Congresso Argentino vai se fragmentar mais. De acordo com o “La Nación”, nenhum partido político conquistou a maioria na casa. Os governistas, que tinham em jogo 87 representantes, vão ocupar 116 assentos, contando aliados, e portanto, depende ainda de mais apoio para alcançar o número de 129 deputados.
A oposição obteve 141 representantes, mas ficará fragmentada.
No Senado, o kirchnerismo conseguiu ampliar sua participação. Com nove assentos na disputa (seis próprios e três aliados), os governistas conquistaram 11 assentos próprios. Em sentido contrário, a oposição terá 15 representantes, dois a menos do que tinha na composição anterior.