Belgrado O primeiro-ministro de Kosovo, Agim Ceku, disse ontem que ele poderá declarar a independência da região unilateralmente caso um acordo com a Sérvia apoiado pela ONU não lhe garanta oficialmente o status de Estado.
"Não estou ameaçando o Conselho de Segurança (CS) da ONU, disse o primeiro-ministro em uma entrevista coletiva. "Vemos isso (a declaração de independência) como uma possibilidade. "A forma como declararíamos a independência não será por uma decisão apressada, mas uma decisão tomada em concordância com nossos amigos e parceiros estratégicos, afirmou Ceku.
O líder de Kosovo também solicitou a representantes de alguns países que deverão se reunir em Viena hoje que digam se vão ou não adiar a decisão que prometeram para o final deste ano. Segundo diplomatas, Kosovo pode querer declarar independência se, como suspeitam, o enviado da ONU ao local, Martti Ahtisaari, não recomendar o direto reconhecimento da região pela organização.
Para os diplomatas, Ahtisaari provavelmente recomendará que Kosovo inicie um processo de independência, mas deixará o reconhecimento da região como Estado para ser decidida individualmente por cada país, para contentar a Rússia que possui poder de veto no CS da ONU.
Ontem, a nova Constituição da Sérvia do período pós-Slobodan Milosevic foi ratificada na capital do país, Belgrado. O texto, em seu preâmbulo, reivindica o controle sobre Kosovo, considerada pela Constituição como região inseparável.
Os principais partidos políticos sérvios também chegaram a um consenso ontem para organizar eleições legislativas no próximo 21 de janeiro e que poderão adiar a definição do futuro estatuto de Kosovo.
União Européia
Em maio passado a União Européia havia interrompido as negociações com as autoridades sérvias, incapazes de deter o general Ratko Mladic, acusado de genocídio e crimes de guerra pela Justiça internacional.
Ontem, a Comissão Européia voltou a criticar os esforços insuficientes do país para deter Mladic, descartando por enquanto o reatamento das negociações de aproximação entre Belgrado e Bruxelas (sede da comissão).
O julgamento do líder nacionalista sérvio Vojislav Seselj, que liderou o Partido Radical Sérvio nos anos 1990 e também é acusado de crimes contra a humanidade, deve começar no dia 27 de novembro no Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Iugoslávia.