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O presidente da Rússia, Vladimir Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursando na reunião com o presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, em um encontro que ocorreu em Moscou no dia 15 de junho.| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN POOL

A Rússia afirmou nesta terça-feira (18) que a continuação das exportações de grãos ucranianos sem sua participação, algo solicitado por Kiev, implica em "determinados riscos de segurança" dos quais os países envolvidos devem estar cientes.

"É uma questão que deve ser discutida por nossos militares, porque trata-se de uma área próxima à zona de combates e, sem as devidas garantias, surgem ali determinados riscos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em sua entrevista coletiva diária.

Peskov acrescentou que, se algo for feito sem a Rússia, "esses riscos devem ser levados em consideração".

"E aqui não podemos dizer quais países e até que ponto eles estariam dispostos a correr esses riscos", completou.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu nessa segunda (17) à ONU e à Turquia que prorroguem, sem a participação da Rússia, a iniciativa que permite a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, depois de o Kremlin ter anunciado a "suspensão" do acordo.

“Enviei cartas oficiais ao presidente da Turquia (Recep Tayyip) Erdogan e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, com a proposta de continuar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro ou seu equivalente em formato trilateral”, declarou Zelensky.

Segundo o presidente, a Ucrânia, a ONU e a Turquia “podem garantir de forma conjunta a funcionalidade do corredor alimentar e a fiscalização dos navios” que até agora permitiam a saída marítima de cereais ucranianos.

O Kremlin afirmou ontem ao suspender o acordo que, "assim que a parte russa" desses pactos for cumprida, a Rússia "voltará imediatamente a implementar este acordo".

Trata-se, segundo Moscou, da reconexão do banco agrícola russo, Rosseljozbank, ao SWIFT, da suspensão de sanções sobre peças de reposição para máquinas agrícolas, do desbloqueio da logística e seguros de transporte, do descongelamento de ativos e da retomada do funcionamento do duto de amônia Togliatti-Odesa, que explodiu no último dia 5 de junho.

Estados Unidos pedem retorno do acordo

Os Estados Unidos instaram a Rússia a retomar o acordo que facilita as exportações de cereais ucranianos a partir do Mar Negro, que expirou nesta segunda-feira e que Moscou suspendeu, para evitar um aumento nos preços dos alimentos.

"Já estamos vendo o mercado reagir e os preços estão subindo. Isso é inconcebível. O acordo deve ser restabelecido o mais rápido possível", afirmou em entrevista coletiva o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

O chefe da diplomacia dos EUA lembrou que cerca de 32 milhões de toneladas de alimentos puderam deixar a Ucrânia durante o período em que o acordo de grãos esteve em vigor.

Blinken acusou Moscou de usar a fome como arma e se mostrou convicto de que todos os países perceberiam que "a Rússia é responsável por privar pessoas de comida em todo o mundo".

"Isso afeta muito além da Ucrânia e da Rússia. Afeta países ao redor do mundo e milhões de pessoas que dependem desses cereais, então certamente instamos a Rússia a voltar a se comprometer de boa-fé e permitir que passem livremente os navios que transportam os grãos", declarou em outra coletiva a vice-porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh.

Nas palavras do porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, trata-se de uma decisão "irresponsável e perigosa" que afeta milhões de pessoas "vulneráveis" em todo o mundo.

"Urgimos a Rússia a revogá-la imediatamente", enfatizou.

Kirby indicou que os EUA continuarão trabalhando com seus aliados para tentar fazer com que os grãos saiam da Ucrânia e ressaltou que não há como fazê-lo neste momento.

Sob a mediação da ONU e da Turquia, Rússia e Ucrânia concordaram há um ano com uma série de medidas para garantir que navios carregados com grãos ucranianos possam chegar ao mercado internacional a partir dos portos do Mar Negro.

O objetivo era evitar uma crise global de alimentos desencadeada pela guerra, já que tanto a Ucrânia quanto a Rússia estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo.

A Rússia declarou no início deste mês que não via razão para estender o acordo e decidiu suspendê-lo sob a alegação de que as sanções que sofre devido à agressão contra a Ucrânia impedem o cumprimento da parte do pacto que também deve garantir as exportações de alimentos e fertilizantes russos.

Nesta terça-feira (18) haverá uma reunião virtual do Grupo de Contato para a Defesa da Ucrânia, mas segundo Singh essa reunião será centrada na contraofensiva ucraniana e nas necessidades de Kiev no campo de batalha.

A suspensão do acordo ocorreu no mesmo dia em que foi registrada uma explosão na ponte da Crimeia que resultou em duas mortes e provocou a interrupção do tráfego de automóveis pela infraestrutura, que conecta a península anexada à Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, culpou a Ucrânia pelo ocorrido e afirmou que Moscou responderá a este "ataque terrorista".

Sobre a explosão, a representante do Pentágono disse que não poderia fornecer detalhes sobre a autoria.

"Não posso verificar de uma forma ou de outra as alegações. A Crimeia faz parte da Ucrânia. Deixamos os ucranianos falarem sobre suas operações", declarou Singh.

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