Em Kiev na Ucrânia, um homem posa em frente a um pôster que mostra o presidente russo Vladimir Putin sendo levado como prisioneiro ao Tribunal Internacional de Haia pelo general ucraniano Valery Zaluzhnyi.| Foto: EFE/EPA/Oleg Petrasyuk
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O Kremlin condenou, nesta quinta-feira (11), a decisão dos Estados Unidos de transferirem para a Ucrânia, fundos russos confiscados. O governo russo ameaçou retaliar os americanos pelo que considerou um ataque contra a propriedade privada.

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"Para começar, isso é um dano para aqueles a quem, para ser franco, apreenderam ou roubaram esse dinheiro. Isso é um prejuízo direto. No que diz respeito aos EUA, tais decisões, é claro, os atingirão como um bumerangue", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, em entrevista coletiva por telefone.

Peskov classificou o confisco em si como "ilegal" e "ilegítimo" e se mostrou convencido de que, em circunstâncias normais, tal caso poderia ser ganho no tribunal, embora agora tenha descartado a opção de defender nos EUA os direitos de propriedade russos teoricamente "sagrados" nesse país.

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"Isso mina a confiança, a confiança dos investidores, a confiança dos donos de ativos ligados de alguma forma aos EUA. E tudo isso, sem dúvida, não pode ficar sem consequências", afirmou.

O porta-voz presidencial defendeu o princípio da “reciprocidade” e arriscou respostas assimétricas e “inusitadas”.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, anunciou ontem a primeira transferência de ativos de oligarcas russos confiscados para a reconstrução da Ucrânia, que desde fevereiro de 2022 sofre com ofensivas russas.

Especificamente, Washington acusa o empresário russo Konstantin Malofeyev de violar as sanções impostas a Moscou após sua intervenção militar na Ucrânia, alegando que ele financiou o movimento separatista na Crimeia.

Garland, que garantiu que a referida transferência "não será a última", garantiu que a promotoria apreendeu vários milhões de dólares de Malofeyev depositados em um banco americano.

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Segundo fontes russas independentes, Malofeyev também financiou em 2014 a revolta armada pró-russa em Donbass, precedida pela anexação russa da península ucraniana da Crimeia.

Em março, o Serviço Federal de Segurança da Rússia disse ter evitado um atentado, supostamente preparado pela Ucrânia, contra Malofeyev, presidente do grupo de mídia Tsargrad.

Na época, a Rússia advertiu a União Europeia com medidas de represália caso confiscasse bens russos congelados por sanções comunitárias e os utilizasse para a reconstrução do país vizinho.

Em fevereiro, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia para Assuntos Econômicos e Comércio, Valdis Dombrovskis, garantiu: "Estamos trabalhando em soluções legais para o uso de bens russos confiscados para financiar a reconstrução da Ucrânia".

A legislação europeia não permite o confisco de bens congelados, a menos que estejam ligados à prática de um crime. Bruxelas está estudando como facilitar esse confisco de acordo com a legislação comunitária e internacional.

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