O Kremlin, sede do governo russo, estendeu nesta segunda-feira um ramo de oliveira à oposição, antes que manifestantes tomem as ruas para contestar a vitória de Vladimir Putin em uma eleição presidencial que eles consideraram como uma "declaração de guerra".
Putin celebrou sua vitória no domingo dizendo a dezenas de milhares de simpatizantes, perto do Kremlin, que seu triunfo salvou a Rússia de ter o poder usurpado por inimigos.
Atualmente primeiro-ministro, Putin volta agora ao cargo que ocupou entre 2000 e 2008, quando cedeu o cargo ao seu afilhado político Dmitri Medvedev. Durante o discurso, seus olhos ficaram marejados quando ele citou os manifestantes contrários aos seus 12 anos de hegemonia política no país.
Putin teve mais de 63% dos votos, mas seus adversários apontaram fraudes generalizadas e convocaram uma grande manifestação para a noite de segunda-feira no centro de Moscou.
"Ele está forçando as coisas até o ponto de quebra. Ele está declarando guerra contra nós", disse o jornalista Sergei Parkhomenko, um dos organizadores do protesto.
Em dezembro, suspeitas de fraude numa eleição parlamentar já haviam motivado a maior onda de manifestações contra Putin.
Tentando esvaziar um novo movimento da oposição, Medvedev, que fica no cargo até maio, pediu ao procurador-geral russo que avalie a legalidade de 32 processos penais, inclusive o que levou à prisão do ex-magnata petroleiro Mikhail Khodorkovsky, acusado de fraude e evasão fiscal.
Críticos dizem que Khodorkovsky, outrora o homem mais rico da Rússia, sofreu perseguições por ter tentado se contrapor politicamente a Putin.
O Kremlin informou também que Medvedev determinou ao ministro da Justiça que explique a recusa das autoridades em registrar o partido liberal Parnas, que acabou de fora da eleição.
A ordem aconteceu depois de uma reunião, no mês passado, em que líderes da oposição entregaram ao presidente uma lista de supostos presos políticos e exigiram reformas.
O dirigente comunista Gennady Zyuganov disse à agência de notícias Interfax que as iniciativas do governo "têm apenas um objetivo: pelo menos reduzir de alguma maneira a escala da perplexidade e dos protestos que continuam crescendo na sociedade".
Os resultados eleitorais quase completos mostram que Putin, de 59 anos, obteve 63,68% dos votos. Zyuganov ficou em segundo, com 17%.
Em seguida vieram o bilionário liberal Mikhail Prokhorov, com quase 8%, o nacionalista Vladimir Zhirinovsky, com pouco mais de 6, e o ex-presidente do Parlamento Sergei Mironov, com menos de 4%.
Vladimir Churov, presidente da Comissão Eleitoral Central, disse a jornalistas que "praticamente não houve violações sérias", minimizando assim denúncias de irregularidades feitas em todo o país por membros da oposição e por monitores independentes.
A entidade independente Golos disse ter registrado pelo menos 3.100 violações no país todo.
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