Ouça este conteúdo
A empresa americana United Launch Alliance (ULA) lançou nesta segunda-feira (8), a partir da Flórida, seu novo foguete Vulcan Centaur com o módulo Peregrine carregado com instrumentos da Nasa para analisar a superfície da Lua.
A decolagem ocorreu, conforme planejado, às 2h20 (horário local, 4h20 de Brasília), do Complexo de Lançamento Espacial 41 da Força Espacial de Cabo Canaveral, no centro da Flórida. Quando chegar sozinho ao satélite, Peregrine se tornará o primeiro módulo americano a atingir a superfície lunar em mais de 50 anos.
Além da carga para a Nasa, relacionada com seu programa Artemis de retorno à Lua, o Vulcan também partiu com amostras de DNA de ex-presidentes americanos e restos cremados de atores da série de televisão Star Trek para a empresa privada Celestis. “Estou muito feliz”, escreveu Tory Bruno, presidente e CEO da ULA após o lançamento.
No caso do envio da Nasa, é a primeira missão robótica comercial da agência americana que chegará à Lua.
O Vulcan carregará o módulo lunar Peregrine, da empresa Astrobotic, que está programado para pousar em uma região do outro lado da Lua conhecida em latim como Sinus Viscositatis, que significa baía pegajosa.
A Nasa pagará à Astrobotic US$ 108 milhões (R$ 526,8 milhões) para realizar cinco experimentos lá, dentro do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS), cujo objetivo é reduzir o custo de envio de objetos à superfície lunar.
O foguete enviado nesta segunda carrega cinzas e amostras de DNA de celebridades e figuras proeminentes, entre eles o que já foi identificado como os cabelos dos ex-presidentes americanos George Washington, Dwight Eisenhower, John F. Kennedy e Ronald Reagan, de acordo com a Celestis Memorial Spaceflights, uma empresa especializada em memoriais espaciais.
A eles se somam os restos mortais e amostras de DNA de Gene Roddenberry e sua esposa Majel, ambos criadores de Star Trek, também de atores da série de televisão como Nichelle Nichols, DeForest Kelley e James Doohan, além de Douglas Trumbull, criador de efeitos especiais em filmes como "2001: Uma Odisseia no Espaço".
O envio de restos mortais pelas empresas comerciais de enterros espaciais Elysium Space e Celestis gerou um movimento de oposição pelo maior agrupamento de nativos americanos, a nação Navajo, que contestou a ação por considerar uma afronta a diversas culturas indígenas, que tem a Lua como algo sagrado. “A sugestão de transformar a Lua em um local de descanso para restos mortais é profundamente perturbadora e inaceitável para o nosso povo e para muitas outras nações tribais", afirmou o presidente da nação Navajo, Buu Nygren.
Em resposta, o CEO da Celestis, Charles Chafer, disse à emissora CNN que rejeita os argumentos apresentados pela comunidade e não considera a viagem espacial uma profanação ao satélite natural. “Rejeitamos a afirmação de que a nossa missão de voo espacial memorial profana a Lua. Assim como os memoriais permanentes para os falecidos estão presentes em todo o planeta Terra e não são considerados profanação, o nosso memorial na Lua é tratado com cuidado e reverência, é um monumento permanente que não ejeta intencionalmente cápsulas de voo na Lua. É uma celebração comovente e apropriada para os nossos participantes – exatamente o oposto da profanação, é uma celebração”, afirmou. (Com Agência EFE)