Lasso interrompe diálogo com líder de protestos após morte de militar

• 0

O governo do Equador interrompeu nesta terça-feira (28) o diálogo com o líder dos protestos, Leonidas Iza, que na véspera havia participado de uma reunião com representantes do governo para buscar soluções para as demandas que motivaram os protestos contra o governo por causa do alto custo de vida, após a morte de um militar em um ataque a um comboio que transportava combustível.

Em mensagem à nação, o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, anunciou que o governo não voltará a falar com Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) e que liderou o encontro de segunda-feira junto com outros delegados das comunidades indígenas, com a mediação de representantes de outros poderes do Estado, da Igreja Católica e dos direitos humanos.

O presidente advertiu que só dialogará com lideranças dos povos e nacionalidades indígenas que estejam abertas a um “diálogo franco e real” e desde que haja garantias de que não haverá episódios de violência como o ataque ao comboio militar na província de Orellana.

“O governo não pode sentar para dialogar com aqueles que pretendem sequestrar a paz dos equatorianos”, disse o presidente.

Lasso lamentou a morte do sargento José Chimarro, que fazia parte da proteção de uma série de caminhões que transportavam combustível, em um momento em que se registram desabastecimentos em várias regiões do país após 16 dias de bloqueios e interdições de estradas.

Para estabelecer o diálogo, o governo revogou o estado de exceção que havia sido decretado para interromper os protestos em seis províncias do país que concentravam as mobilizações, suspendendo os direitos de associação e reunião.

Para atender às demandas das organizações indígenas e camponesas, o governo também aumentou de US$ 50 para US$ 55 o bônus para famílias em situação de vulnerabilidade e dobrou o orçamento para educação intercultural.

Da mesma forma, perdoou as famílias camponesas por dívidas vencidas de até US$ 3 mil, reduziu os juros dos créditos atuais e prometeu subsidiar em até 50% o custo da ureia, que é usada como fertilizante.

Os protestos começaram no último dia 13 e até agora deixaram um saldo de seis mortos, incluindo o militar que morreu na madrugada desta terça-feira, bem como cerca de 400 feridos entre manifestantes e agentes das forças de segurança.