Legistas envolvidos nas investigações da queda do avião da EgyptAir disseram nesta terça-feira (24) que pedaços de corpos dos passageiros sugerem que houve uma explosão na aeronave. O governo do Egito nega a informação.
A informação reforça a hipótese de terrorismo. O Airbus A320, que fazia o voo MS804, de Paris ao Cairo, caiu no mar Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo na quinta (19) pouco depois entrar no espaço aéreo egípcio.
Segundo os peritos egípcios, os pedaços dos corpos de passageiros recolhidos perto dos destroços são muito pequenos, sendo o maior deles o pedaço de uma cabeça. Isso, afirmam eles, indica que houve uma explosão a bordo.
Os investigadores, no entanto, dizem não ser capazes de determinar o que provocou a explosão ou se há vestígios de explosivos nos restos humanos. Os peritos foram consultados pelas agências de notícias Associated Press e Reuters.
Nesta terça, o jornal egípcio “Al Watan” havia afirmado, também com base em investigadores, que o avião explodiu no ar. Assim como as agências, a publicação diz que ainda não é possível determinar as causas da explosão.
Em ambos os casos, os meios de comunicação recorreram a fontes que não quiseram se identificar. Em nota, o chefe de Medicina Forense do governo egípcio, Hesham Abdelhamid, negou as informações publicadas pela imprensa.
“Todas as publicações sobre este assunto são completamente falsas e meras especulações que não foram fornecidas pelas autoridades forenses”, afirmou o representante do governo à agência de notícias estatal Mena.
A Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da França disse que não ia comentar sobre a informação dos egípcios. Nesta terça, parentes das vítimas foram ao necrotério no Cairo tentar identificar os corpos das vítimas.
No aeroporto do Cairo, onde estão alguns parentes, peritos colheram amostras de DNA para ajudar nos trabalhos. As equipes de resgate ainda procuram as caixas-pretas e mais destroços que possam explicar o que ocorreu no acidente.
Suspeita
Embora tenham prometido transparência nas investigações, o governo do Egito está sob suspeita devido ao manejo da queda de um avião da companhia russa Metrojet na Península do Sinai em 31 de outubro do ano passado.
Na ocasião, as autoridades egípcias levaram quatro meses para reconhecer que a filial local da milícia terrorista Estado Islâmico tinha derrubado o Airbus A321 que levava 224 pessoas a bordo de Sharm al-Sheikh a São Petersburgo.
A facção reivindicou o ataque horas depois de o avião cair e o Kremlin disse se tratar de um atentado 17 dias após a queda. No dia seguinte, o EI publicou as fotos da bomba, que teria sido colocada por um agente de pista.
O governo egípcio teme que um novo atentado prejudique ainda mais o turismo. Principal fonte de recursos ao país, a atividade sofre forte queda desde a derrubada do regime do ditador Hosni Mubarak, em 2011.
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