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Pressão

Líder sindical não descarta greve geral

Prestes a completar 68 anos, em janeiro, o sindicalista mais influente da Argentina, Hugo Moyano, reconheceu ontem que o diálogo com a presidente Cristina Kirchner está em "suspenso". Em entrevista concedida a jornalistas estrangeiros em Buenos Aires, o secretário-geral da Central Geral do Trabalho (CGT) comentou sobre a relação com o governo e não descartou a possibilidade de convocar uma greve geral no país.

Ele admitiu que depois da morte do ex-presidente Néstor Kirchner, em outubro de 2010, o diálogo com a Casa Rosada ficou em stand by. "Não houve uma ruptura, mas está suspenso por parte da presidente", disse Moyano. "Com (Néstor) Kirchner, a relação era boa e discutíamos os assuntos, como salários e planos sociais. Agora, não temos nenhuma possibilidade de discutir esses temas com o atual governo", reclamou. O líder descartou uma greve geral, "por enquanto". Mas alertou que se o governo não ouvir as reivindicações dos trabalhadores, poderia haver uma paralisação nacional.

"Não temos discutido a convocação de uma greve geral, mas se as condições se agravarem, os trabalhadores vão pressionar por uma decisão nesse sentido", apontou. A CGT reclama do governo o pagamento de 15 bilhões de pesos (US$ 3,5 bilhões) referentes a contribuições sindicais dos trabalhadores para tratamentos médicos especiais; modificação nos cálculos do imposto de renda; a aprovação de uma lei de divisão de lucros nas empresas; entre outras reivindicações. "Estamos reclamando o que o governo peronista historicamente tem dado aos trabalhadores e foi interrompido", provocou.

Inflação

Moyano fez uma advertência: "A inflação que consideramos é a do supermercado, não a oficial". O IPC oficial é estimado em menos de 10%, em 2011, enquanto as consultorias apontam para inflação real de 25% em 2011 e superior a 20% em 2012.

Agência Estado

O Senado argentino aprovou ontem a lei que transforma o papel-jornal em insumo de interesse nacional. A iniciativa do projeto era do governo federal e faz parte da ampla reforma dos meios de comunicação que a presidente Cristina Kirchner promove.

Com a aprovação da proposta, o Estado argentino passará a ter o controle da produção e da distribuição de papel para imprimir jornais. O governo considera que, assim, o acesso a esse insumo será democratizado, e muitos jornais do interior poderão comprá-lo por um preço mais baixo.

Os meios independentes veem na medida uma intervenção em seus negócios e um desrespeito à garantia constitucional da liberdade de expressão.

No centro da disputa está a empresa Papel Prensa, principal fornecedora de papel aos meios do país, da qual são proprietários o Grupo Clarín (47%), o Estado (27%) e o La Nación (22%).

O governo pretende agora aumentar seu capital na empresa, diluir a parte dos outros sócios e fazer a fábrica trabalhar em seu limite, para atender a todos os que queiram comprar papel. Será o próprio governo quem irá decidir quem receberá papel ou não.

Os jornais independentes te­­mem que os kirchneristas possam agir do mesmo modo como atuam com relação à verba para publicidade oficial, beneficiando aqueles que somente falam bem do governo.

Cristina está em guerra contra os meios críticos, principalmente o Clarín e o La Nación, desde 2008, quando houve o conflito com o campo.

Na terça-feira, a Justiça promoveu a intervenção na Cablevisión, canal a cabo do Grupo Clarín. Um grupo de oito deputados da oposição anunciou hoje que levará o caso à Corte Suprema.

Também foi aprovada pelo Senado a lei sobre antiterrorismo, que duplica as penas para delitos já estabelecidos no Código Penal e para quem financie "direta ou indiretamente" o terrorismo.

Os veículos temem que a lei seja usada também contra os meios, que podem ser acusados de aterrorizar a população ao difundir notícias sobre o dólar ou sobre a crise econômica.

"Terrorismo"

Para fechar o pacote do governo, um funcionário afirmou que os meios de comunicação poderão ser enquadrados na nova lei antiterrorista.

O chefe do organismo criado para combater a lavagem de dinheiro – Unidade de Informa­­ção Financeira (UIF) –, José Sbattella, disse que lei aprovada na madrugada de quinta-feira, inclui os delitos econômicos e os meios de comunicação, com o fim de "prevenir a possibilidade de que um grupo de pessoas com um grande poder econômico possa organizar uma política que esvazie as reservas ou aterrorize a população de tal maneira que a induza a sacar os depósitos dos bancos, que é o que tem acontecido historicamente nos golpes de mercados".

Ele disse que as pessoas que especulam com o dólar, como ocorreu durante todo o ano, especialmente após as eleições de outubro, "são um núcleo reduzido que, depois, divulgam a situação junto aos meios de comunicação".

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