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O Senado argentino aprovou ontem a lei que transforma o papel-jornal em insumo de interesse nacional. A iniciativa do projeto era do governo federal e faz parte da ampla reforma dos meios de comunicação que a presidente Cristina Kirchner promove.

Com a aprovação da proposta, o Estado argentino passará a ter o controle da produção e da distribuição de papel para imprimir jornais. O governo considera que, assim, o acesso a esse insumo será democratizado, e muitos jornais do interior poderão comprá-lo por um preço mais baixo.

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Os meios independentes veem na medida uma intervenção em seus negócios e um desrespeito à garantia constitucional da liberdade de expressão.

No centro da disputa está a empresa Papel Prensa, principal fornecedora de papel aos meios do país, da qual são proprietários o Grupo Clarín (47%), o Estado (27%) e o La Nación (22%).

O governo pretende agora aumentar seu capital na empresa, diluir a parte dos outros sócios e fazer a fábrica trabalhar em seu limite, para atender a todos os que queiram comprar papel. Será o próprio governo quem irá decidir quem receberá papel ou não.

Os jornais independentes te­­mem que os kirchneristas possam agir do mesmo modo como atuam com relação à verba para publicidade oficial, beneficiando aqueles que somente falam bem do governo.

Cristina está em guerra contra os meios críticos, principalmente o Clarín e o La Nación, desde 2008, quando houve o conflito com o campo.

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Na terça-feira, a Justiça promoveu a intervenção na Cablevisión, canal a cabo do Grupo Clarín. Um grupo de oito deputados da oposição anunciou hoje que levará o caso à Corte Suprema.

Também foi aprovada pelo Senado a lei sobre antiterrorismo, que duplica as penas para delitos já estabelecidos no Código Penal e para quem financie "direta ou indiretamente" o terrorismo.

Os veículos temem que a lei seja usada também contra os meios, que podem ser acusados de aterrorizar a população ao difundir notícias sobre o dólar ou sobre a crise econômica.

"Terrorismo"

Para fechar o pacote do governo, um funcionário afirmou que os meios de comunicação poderão ser enquadrados na nova lei antiterrorista.

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O chefe do organismo criado para combater a lavagem de dinheiro – Unidade de Informa­­ção Financeira (UIF) –, José Sbattella, disse que lei aprovada na madrugada de quinta-feira, inclui os delitos econômicos e os meios de comunicação, com o fim de "prevenir a possibilidade de que um grupo de pessoas com um grande poder econômico possa organizar uma política que esvazie as reservas ou aterrorize a população de tal maneira que a induza a sacar os depósitos dos bancos, que é o que tem acontecido historicamente nos golpes de mercados".

Ele disse que as pessoas que especulam com o dólar, como ocorreu durante todo o ano, especialmente após as eleições de outubro, "são um núcleo reduzido que, depois, divulgam a situação junto aos meios de comunicação".