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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

Curitiba – Quem se viu tentando a rotular George W. Bush como um pato manco (lame duck, no inglês), termo usado para designar políticos com poder restrito por estarem em fim de mandato, terá de pensar de novo. Na última semana, ele nos lembrou que continua o chefe de governo dos EUA e tem, sim, poder de influência entre os parlamentares. Em parte graças à sua atuação, a nova lei de imigração foi ressuscitada no Senado norte-americano na última quinta-feira.

A lei havia sido declarada morta uma semana antes, quando os senadores votaram contra uma moção para encerrar o debate e votar o projeto. Faltaram 15 dos 60 votos necessários para aprovar a medida (no total, são cem senadores). Com a decisão, o tempo para a apresentação de emendas foi prolongado e a iniciativa não poderia ser votada. Na terça-feira (12), Bush fez uma visita rara – a segunda desde que se tornou presidente – aos parlamentares de seu partido e apelou para que destravassem o debate sobre a reforma. Dois dias depois, os líderes da maioria democrata, Harry Reid, e da minoria republicana, Mitch McConnel, anunciaram que o tema retorna para a pauta do Senado nesta semana. Segundo especialistas, ambos só aceitaram recolocar o assunto na agenda novamente porque sabem que desta vez a moção tem chance de ser aprovada.

O debate sobre a reforma está emperrado por causa das posições extremas de conservadores e liberais. Os primeiros acham que a lei é uma anistia aos ilegais (a reforma oferece um caminho para a legalização dos quase 12 milhões de imigrantes que chegaram ao país antes de 2007). Os últimos dizem que a lei separa as famílias (porque muda a importância dos critérios no processo de recebimento do green card: sai relação familiar, entra habilidades no trabalho e proficiência em inglês).

No acordo entre os líderes, ficou acertado que 22 emendas poderão ser apresentadas, 11 por cada um dos grupos políticos. Em troca, os senadores que apresentarem essas emendas se comprometem a votar a favor da moção. Os 15 votos que faltaram na última votação devem vir daí.

Embora a maioria dos republicanos seja contra, há pequenos grupos dentro do partido interessados na reforma. Na votação anterior, 38 foram contra e 7 a favor da moção. Especula-se que estes ou acreditam que a aprovação da lei durante um governo republicano garante o voto dos hispânicos durante muitos anos por vir, ou servem ao interesse de grandes empresas que não querem perder a mão-de-obra de baixo custo.

Entre os democratas, 37 foram a favor e 11 contra. Um independente foi contra e um favor. Quatro senadores não votaram e o substituto de Craig Thomas, de Wyoming, que morreu no começo do mês, ainda não foi escolhido.

"Bush tenta convencer os republicanos que não é uma lei de anistia, porque o processo para conseguir o visto permanente é longo e vai inclusive cobrar multa dos imigrantes. Por outro lado, alguns democratas acham que o visto temporário vai oferecer menos oportunidades para os trabalhadores imigrantes", diz o brasileiro Ernesto Amaral, doutorando em sociologia com ênfase em demografia pela Universidade do Texas, nos EUA.

Para o economista inglês Phillipe Legrain, autor do livro "Imigrantes: seu país vai precisar deles" (inédito no Brasil), a lei, apesar de imperfeita, é melhor do que a manutenção do "status quo". "A lei está cheia de falhas, mas pelo menos permitiria que os 12 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos regularizem suas situações, o que está no interesse não apenas dos próprios imigrantes, mas também da sociedade americana como um todo", defendeu Legrain à Gazeta do Povo, em entrevista por e-mail.

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